A autoridade federal alemã para os transportes, a Kraftfahrt-Bundesamt (KBA), informou estar a investigar a Porsche. De acordo com a Automotive News, o construtor é suspeito, desta vez, de ter manipulado motores a gasolina – a utilização de sofware fraudulento em motores diesel já ficou provada em 2019 – para conseguir burlar os sistemas de homologação de consumos e respectivas emissões de dióxido de carbono, visando anunciar valores mais reduzidos, com vantagens para o construtor.

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Conforme o que foi avançado ontem, segunda-feira, por um porta-voz da KBA, em causa estão veículos fabricados antes de 2017, destinados à comercialização no mercado europeu. A Porsche confirmou a notícia de um jornal local, que avançou que a marca tinha descoberto irregularidades durante uma investigação interna, sem contudo especificar quais, e que tinha feito chegar esses mesmos dados às autoridades – uma forma de tentar reduzir a punição a que irá estar sujeita, a confirmar-se mais um caso de manipulação fraudulenta de software.

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De recordar que, já em 2019, a KBA penalizou a Porsche em 535 milhões de euros no âmbito do caso Dieselgate, por tentar enganar o regulador manipulando o software dos motores a gasóleo. Inicialmente, o construtor começou por negar qualquer envolvimento, tendo inclusivamente afirmado que não participava no desenvolvimento de motores diesel, limitando-se a adquiri-los a outras marcas do grupo, o que se veio a provar não corresponder à realidade.

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Desta vez, a novidade para a KBA é a suspeita de que a Porsche manipulou igualmente o software dos motores a gasolina, o que não tinha ficado provado em 2019. O jornal alemão Bild am Sunntag afirma que a investigação, iniciada há muito, estava focada em veículos cujos motores foram desenvolvidos entre 2008 e 2013, instalados em modelos como os Porsche 911 e Panamera. O jornal adianta ainda que as provas contra a Porsche foram conseguidas após inúmeras conversas das autoridades com empregados e a análise das actas das reuniões internas e de centenas de milhares de emails.

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A isto o porta-voz da Porsche respondeu que os problemas eram relativos a veículos desenvolvidos há alguns anos e que não havia provas que afectassem a gama actual. Resta aguardar pelas conclusões da KBA, com a certeza que mais esta acusação, a confirmar-se, coloca a Porsche e o seu CEO, Oliver Blume, no centro das atenções e não pelos melhores motivos, beliscando a imagem do 911, modelo que se já não é o que vende mais, continua a ser o mais emblemático do fabricante.

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Mais grave, sob o ponto de vista dos custos, pode ser a comunicação das descobertas realizadas pela investigação interna da Porsche às autoridades norte-americanas, de acordo com a publicação alemã Auto Motor und Sport. A confirmar-se, é conhecida a mão pesada da entidade reguladora local, especialmente sobre infractores reincidentes.