As primeiras leituras do PS sobre a auditoria independente à gestão do BES/Novo Banco apontam o dedo ao Governo do PSD/CDS e ao Banco de Portugal por uma “resolução deficiente” que fez com que a “doença do BES passasse para o Novo”, afirmou esta terça-feira o deputado João Paulo Correia. “Uma má decisão” que para os socialistas é da responsabilidade do Governo de então e do Banco de Portugal, à data liderado por Carlos Costa.

Para o socialista, a auditoria da Deloitte ao assinalar perdas de de mais de 4.032 milhões de euros, indica que a recapitalização de 4.900 milhões de euros feita em 2014 na criação do Novo Banco era “absolutamente insuficiente”. O Governo de Passos Coelho “não teve coragem de dizer a verdade ao país”.

João Paulo Correia sinaliza ainda que auditoria revela que muitos ativos que geraram perdas no Novo Banco, suscitando injeções de capital, estavam sobrevalorizados. Ou seja, o “valor contabilístico desses ativos no balanço do Novo Banco estava muito acima do que que valiam. Créditos sem garantias transitaram do BES para o Novo Banco ao mesmo valor. Obviamente que isso ia gerar uma perda, o que tem acontecido todos os anos”.

O deputado socialista conclui assim que se o Banco de Portugal e o Governo do PSD/CDS tivessem retirado os ativos tóxicos do balanço do Novo Banco para o BES, o capital inicial teria sido feito um valor superior a 10 mil milhões de euros. E seria muito difícil fazê-lo em 2014, e depois de notáveis da área do Governo de então assegurarem a solidez do antigo BES. “Não aconteceu por razões de puro tacitismo” e a resolução está a ser feita a prestações.

Questionado sobre o apoio a uma comissão de inquérito ao Novo Banco, João Paulo Correia adianta que o partido ainda está a concluir o estudo e análise da auditoria, mas que estará em condições de anunciar a sua decisão sobre o tema nos próximos dias. Quanto à responsabilidade da atual gestão, o deputado do PS diz que é prematuro tirar essa a conclusão, primeiro será necessário estudar a auditoria e fazer as audições. O PS considera normal que sejam ouvidos a propósito do tema o ministro das Finanças e o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, para além das audições já marcadas do presidente do Novo Banco e do presidente do Fundo de Resolução.

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