A obra poética de Louise Glück, Prémio Nobel da Literatura em 2020, vai ser publicada em Portugal pela Relógio d’Água. O anúncio foi feito esta terça-feira pela editora.
Até ao final deste ano, serão lançados, em edição bilingue, alguns dos principais livros da poeta norte-americana: The Wild Iris (tradução de Ana Luísa Amaral), Averno (tradução de Inês Dias), Faithful and Virtuous Night (tradução de Margarida Vale de Gato) e a A Village Life (tradução de Frederico Pedreira).
O primeiro destes, uma coleção de poemas que coloca as flores de um jardim em conversa com um jardineiro, foi galardoado com o prémio Pulizter em 1993; Averno foi finalista do National Book Award em 2006, prémio atribuído a Glück em 2014 por Faithful and Virtuous Night, livro que aborda temas como o luto e a mortalidade. A Village Life é o 11.º livro de Glück e passa-se numa vila mediterrânica, nos últimos 50 anos, resume o The Guardian. Foi originalmente publicado em 2006.
Ao longo de 2021, será editada a restante obra da autora, informou a Relógio d’Água.
Glück não têm nenhum dos seus livros publicados em Portugal, mas alguns dos seus poemas saíram em revistas e coletâneas de poesia, como é o caso de “O Poder de Circe” (antologia Rosa do Mundo. 2001 poemas para o futuro, da Assírio & Alvim) e da terceira parte de “Paisagem” (númeroº 12 da revista Telhados de Vidro, da Averno).
[Leia aqui dois poemas de Louise Glück traduzidos para português:]
Leia aqui dois poemas de Louise Glück, Prémio Nobel da Literatura de 2020
Louise Glück recebeu o Prémio Nobel da Literatura no início deste mês de outubro. A Academia Sueca justificou a atribuição do Nobel à norte-americana pela sua “voz poética inconfundível que, com beleza austera, torna a existência individual universal”, onde os temas e personagens da mitologia clássica servem de exmplo aos problemas pessoais e familiares da contemporaneidade.
O presidente do Comité do Prémio Nobel da Literatura, Anders Olsson, a quem coube apresentar a autora, destacou a sua voz “inconfundível”, ao mesmo tempo “cândida e intransigente”. “Sinaliza que esta poeta quer ser compreendida, mas que é também uma voz cheia de humor e sagacidade mordaz. Isto é um grande recurso quando Glück trata um dos seus grandes temas, o da mudança radical, em que um passo em frente é dado a partir de uma profunda sensação de perda”, afirmou em Estocolmo.
[Louise Glück falou com o The New York Times depois do anúncio do Nobel:]
Louise Glück: “Fiquei pasmada que escolhessem um poeta branco americano. Não faz sentido nenhum”
A poeta norte-americana, nascida a 22 de abril de 1943, em Nova Iorque, foi a 16ª mulher a vencer o Nobel da Literatura desde a sua criação, em 1901, e uma das poucas norte-americanas a recebê-lo. Apesar de os Estados Unidos da América serem o segundo país com maior número de laureados, com 14 vencedores, Glück é apenas a terceira mulher galardoada e a primeira poeta norte-americana.