A diretora-Geral da Saúde confirmou esta segunda-feira, durante a habitual conferência de imprensa sobre a situação epidemiológica do país, a existência de pelo menos 508 surtos ativos em Portugal Continental. E explicou que, destes, 182 são em lares de idosos (dois em unidades de cuidados continuados), 94 em estabelecimentos de ensino e 37 em instituições de saúde.

Os surtos no ensino, que representam cerca de 19% da totalidade dos surtos e mais de metade daqueles registados nos lares, envolvem 814 casos confirmados, mais do dobro dos casos comparativamente aos 397 verificados em instituições de saúde (hospitais e centros de saúde), onde há registo de 37 surtos. Quanto aos estabelecimentos prisionais, há agora 435 pessoas com teste positivo à Covid-19.

Recorde-se que na passada sexta-feira, dia 20 de novembro, o Ministério da Saúde dava conta de 477 surtos ativos no país identificados a 16 de novembro, sendo que 68 destes diziam respeito a surtos em estabelecimentos de ensino — creches, escolas e universidades, no setor público e privado.

No espaço de uma semana, o número de surtos ativos nas instituições de ensino subiu para 94, o equivalente a um aumento em mais de um terço comparativamente aos 68 surtos identificados na segunda-feira passada.

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Ministério da Saúde corrige dados. Afinal, os anunciados 477 surtos em escolas são os do país inteiro

Maior risco da transmissão na adolescência reconhecido pela DGS

No início do mês, em 2 de novembro, quando questionada numa conferência sobre o risco de transmissão entre os adolescentes, nomeadamente se o potencial de transmissão do vírus mais próximo do dos adultos poderia levar à adoção de novas medidas para o ensino secundário, a diretora-geral da Saúde limitou-se a confirmar que o padrão de transmissão nos adolescentes era mais semelhante ao dos adultos do que ao das crianças de seis anos.

“O que sabemos é que o período a que se chama a infância não é todo igual, é diferente uma criança até aos seis anos, depois à medida que as crianças vão crescendo — aqui, adolescentes e jovens — vão-se aproximando de um padrão [de transmissão] parecido com o dos adultos. E, por isso, é que é mais fácil, se for necessário, tomar medidas no ensino superior para nem todas as aulas serem presenciais”, disse Graça Freitas na altura.

Na altura, a diretora-geral da Saúde fez referência aos estudantes universitários, mas não concretizou sobre se se justificariam medidas no ensino secundário, dado o maior risco de transmissão dos alunos no que toca ao contexto escolar.

O Governo, aliás, tem vindo a defender que a manutenção do ensino presencial nas escolas é uma prioridade, descartando o fecho das mesmas, “uma vez que não são focos privilegiados da doença”, como referiu o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, em finais de outubro.

Ainda assim, o primeiro-ministro António Costa anunciou no sábado a suspensão das atividades letivas nos dias 30 de novembro e 7 de dezembro, vésperas dos feriados.