O ministro Eduardo Cabrita apresentou aos deputados um verbete do INEM com a verificação do óbito de Ihor Homeniuk, no qual se lia“em paragem cardiorrespiratória presenciada, após crise convulsiva …. foram utilizadas manobra de reanimação cardiopulmonar, sem sucesso”. O Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, à TSF, nega ter visto essa informação escrita pelo médico do Instituto Nacional de Emergência Médica.

Além da diferença entre a verificação do óbito (feita por médicos do INEM) e pela certidão de óbito (que implica estabelecer uma causa de morte com todas as implicações legais que isso tem), Miguel Guimarães rejeita ainda ter visto a informação nos documentos do INEM de que Ihor teria morrido vítima de uma paragem cardiorrespiratória.

Caso Ihor. Médico que verificou óbito não viu agressões

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A Ordem dos Médicos já tinha esclarecido em comunicado que em causa não estava um certificado de óbito, mas sim uma verificação, mas agora Miguel Guimarães contraria a informação expressa no documento. Além de não ter de avaliar a causa de morte, o médico que chefiava a equipa do INEM, segundo o bastonário, nunca escreveu que a causa de morte foi natural.

“Não, não vi isso escrito, nem isso existe da parte do médico, tanto quanto é do meu conhecimento. Nos documentos a que tive acesso — e tive acesso a todos, como imagina, pois mandei-os para o conselho disciplinar, mas também estive a vê-los — não vi isso”, afirmou Miguel Guimarães.

Em resposta ao Público, o INEM diz que foi analisada a atuação do médico e concluiu-se “que as equipas cumpriram com o protocolo instituído”. O INEM não tem registo a qualquer referência a lesões feita pelo médico nesse dia.

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A autópsia viria a confirmar depois que “a morte resultou de asfixia lenta, decorrente da sinergia de dois fatores: as agressões de que foi vítima e de ficar algemado, por várias horas, com as mãos atrás das costas”.