A candidata presidencial Ana Gomes atribui ao PS a responsabilidade de não ter havido acordo com o Bloco de Esquerda no Orçamento do Estado para 2021 (os bloquistas votaram contra o documento). Em entrevista ao Negócios, a ex-eurodeputada defende que “foi o PS que não quis um entendimento”.

Ana Gomes considera, aliás, que o Bloco e o Governo deveriam ter assinado um acordo escrito no início da legislatura. Se tivesse estado no lugar de Marcelo Rebelo de Sousa, “teria exigido esse acordo”. “Critico Marcelo Rebelo de Sousa que não o exigiu porque, no fundo, queria instabilidade” para ganhar “relevância”, frisa Ana Gomes.

A candidata aponta ainda uma atuação “contraditória” a Marcelo Rebelo de Sousa, por apoiar demasiado o Governo ou puxar-lhe o tapete. Essa contradição, considera, aconteceu no caso da morte do cidadão ucraniano nas instalações do SEF no aeroporto de Lisboa. Segundo Ana Gomes, o atual Presidente “esteve mal, desde logo, ao não intervir publicamente no caso”, em relação à família e à “assunção de responsabilidades políticas do Estado e do SEF”. E se a antecessora do ministro, Constança urbano de Sousa, foi “afastada pelo que disse Marcelo”, o mesmo não aconteceu neste caso.

“Não é o Presidente que demite ministros, é uma competência do primeiro-ministro. Mas sempre que este e outros Presidentes quiseram que determinados ministros fossem afastados, foram afastados. Lembro-me da antecessora do atual ministro, afastada pelo que disse Marcelo”.

Sobre as sondagens que dão a vitória ao atual Presidente entre o eleitorado socialista, com mais de metade dos votos, Ana Gomes diz que não acredita “nesses números”. “Tenho a certeza de que o eleitorado socialista não se identifica com Marcelo”. E repetiu ainda que, além de Pedro Nuno Santos e Duarte Cordeiro, “há outros membros do Governo” que a apoiam, mas não revelou quem.

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