O grupo de aconselhamento britânico NERVTAG (New and Emerging Respiratory Virus Threats Advisory Group) confirmou uma nova variante do SARS-CoV-2 no Reino Unido e tem outra sob investigação, conforme comunicado da Public Health England (PHE). Ambas as variantes (a confirmada e a potencial) têm a mutação E484K (ou Erik, para facilitar a comunicação).

Variante britânica adquire mutação que permite escapar ao sistema imunitário e ser mais difícil de controlar com as vacinas

A mutação E484K é uma das mutações presentes na variante sul-africana (B.1.351) e na variante brasileira (P.1). “Embora não haja evidência, neste momento, de que esta mutação, só por si, cause uma doença mais severa ou aumente a transmissibilidade, tem sido relatado que diminui a capacidade de neutralização por parte dos anticorpos, em experiências de laboratório”, refere o comunicado.

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Reino Unido, África do Sul e Brasil. Erik e Nelly, as mutações que fazem temer as três novas variantes do coronavírus

A nova variante VOC202102/02 é em tudo semelhante à variante VOC202012/01 (também chamada B.1.1.7, variante britânica ou variante de Kent). A grande diferença da VOC202102/02 (também chamada de Bristol) é que tem a mutação Erik — mas não estará relacionada nem com a variante sul-africana, nem com a brasileira. Até ao momento já foram confirmados 21 casos desta variante.

Apesar de só terem sido identificados 21 casos, esta nova variante deve ser tratada com a mesma preocupação que a variante sul-africana, disse Ravi Gupta, membro do NERVTAG e investigador no Instituto de Imunologia Terapêutica e Doenças Infecciosas de Cambridge, ao jornal The Guardian.

“Se deixarmos que as variantes surjam, no meio das altas taxas de transmissão, então a nova variante pode facilmente dominar toda a população viral”, disse Ravi Gupta.

A variante em estudo VUI202102/01 deriva da linhagem A.23 comum em termos internacionais, mas o Reino Unido foi o único, até agora, que identificou a mutação Erik nesta linhagem de vírus. Além disso, a VUI202102/01 (também chamada de variante de Liverpool, por aí ter sido identificada) tem outras mutações. Até ao momento já foram confirmados 55 casos desta variante.

“Apesar de esperarmos que as vacinas continuem a prevenir o aparecimento de doença severa ou morte [por Covid-19], estamos a adotar medidas de saúde pública, nos locais com as variantes que têm a mutação E484K, para reduzir o risco de que se espalhe na população”, disse Susan Hopkins, diretora da resposta estratégica contra a Covid-19 da PHE.

Já foram identificadas mais de 4.000 variantes do SARS-CoV-2 em todo o mundo, mas a maior parte delas não merece preocupação pela parte das autoridades de saúde e especialistas. As variantes com mutações de interesse — as mutações que podem provocar alterações na forma como o vírus se comportam e afetam os humanos — são chamadas “variante de preocupação” (VOC, variant of concern).