O banco francês BNP Paribas, principal grupo bancário europeu, anunciou esta segunda-feira que vai fortalecer a sua política de combate ao desflorestamento no Brasil, exigindo total rastreabilidade da produção das empresas e negócios que financia até 2025.

O banco “compromete-se, assim, a incentivar os seus clientes produtores ou compradores de carne ou soja da Amazónia e do Cerrado no Brasil a comprometerem-se com desflorestamento zero e a demonstrarem o seu progresso de forma transparente”, disse o banco numa nota.

Em particular, o BNP Paribas frisou que “não financiará a produção ou compra de carne bovina ou soja de terras desflorestadas ou convertidas após 2008 na Amazónia”.

Em relação ao Cerrado, bioma localizado na região central do Brasil que é um dos ecossistemas mais ameaçados pelo desflorestamento, já que tem sido usado para plantação em massa de soja, o banco salientou que “incentivará os seus clientes a não produzirem ou comprarem carne bovina ou soja em terras desflorestadas ou convertidas (…) posteriormente a 01 de janeiro de 2020, de acordo com os padrões globais”.

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Segundo o banco francês, a ausência de um mapeamento exaustivo das terras no Cerrado impede, por enquanto, de ir além deste incentivo.

Além disso, o BNP Paribas informou que solicitará aos seus clientes a rastreabilidade total dos setores de carne bovina e soja até 2025.

O banco diz que só está pronto para incentivar e não forçar as empresas que atuam no Cerrado (…) As únicas medidas de exclusão imediatas aplicam-se às empresas que continuam a limpar ou converter terras na Amazónia”, criticou a organização não -governamental Reclaim Finance.

“Poucas empresas estão, portanto, preocupadas, visto que já existe uma moratória que estipula o fim do desflorestamento relacionado com a soja a partir de 2008 e é amplamente respeitada”, acrescentou.

A organização não-governamental também considerou a meta estipulada para o ano de 2025 “tarde de mais”.

Na semana passada, uma investigação da organização não-governamental Global Witness apontou que vários bancos franceses, em particular o BNP Paribas, respondem pelo financiamento de empresas agroalimentares responsáveis pela desflorestação no Brasil. O banco disse à Global Witness que todos os seus clientes na Amazónia “foram certificados ou envolvidos num processo de certificação” para garantir que as suas práticas eram responsáveis.