A Blvck network, empresa da qual Diogo Figueiras — também conhecido como Windoh –, é sócio, “não está autorizada nem registada junto da CMVM para o exercício de qualquer atividade de intermediação financeira em Portugal”, afirmou a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) nesta sexta-feira. Windoh usava esta empresa para vender por cerca de 400 euros os polémicos cursos online de criptomoedas. O comunicado surgiu no dia em que o famoso youtuber revelou que está a receber ameaças de morte devido a este caso.

Há pessoas que te ameaçam de morte”, refere Rui Unas. “Tem-se tornado mais grave nos últimos dias, na verdade. Agora, não sei que fundamento é que as pessoas têm para o fazer. Desde que saiu a reportagem [da TVI], tornou-se muito mais grave. Aumentou. E por pessoas que não são o meu target, pessoas mais velhas”, disse Windoh.

Numa entrevista ao ator e comediante Rui Unas — transmitida no último episódio do Maluco Beleza —, Windoh refere que o grau de “hate” (termo em inglês geralmente utilizado para as manifestação de ódio online) que tem recebido pela internet subiu exponencialmente. Estas ameaças aconteceram no seguimento de uma reportagem que a TVI transmitiu sobre o youtuber a 5 de março, adiantou no mesmo programa.

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Como contou o Observador a 2 de março, Windoh foi acusado de “burla” pelo hacker Redlive13, depois de ter começado a publicitar nas redes sociais os cursos de criptomoedas da Blvck network. Parte destes cursos, que custavam 400 euros, foi exposta publicamente por um pirata informático, que pirateou a aula. Como o Observador explicou a 4 de março, não é certo se aquilo que o youtuber fez é crime, de acordo com os especialistas contactados.

É burla ou não? O que dizem os especialistas sobre os cursos de criptomoedas de Windoh

Diogo Figueiras continua a afirmar que vai devolver os 400 euros gastos no curso aos 17 participantes que compraram os conteúdos. Além disso, na entrevista a Rui Unas, diz que está preocupado “com quem ficou desiludido” com o seu trabalho, não com quem o critica. As ameaças, vêm de “pessoas muito mais velhas” que, por norma, não seguem o seu trabalho, explica. “Este gajo tem de sofrer”, refere quanto ao que sente que quem o ameaça sentiu depois de ver a reportagem transmitida na televisão.

Além de Windoh, outros youtubers, como Numeiro ou DavidGTY, estão envoltos em críticas devidos aos cursos e projetos que lideram e que prometem ajudar os seguidores a ganhar dinheiro através de criptomoedas. A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou na semana passada que abriu um inquérito para investigar “uma participação relacionada” com o caso do youtuber Windoh, que envolve “vários nomes e factualidades”. Contactada pelo Observador, a PGR ainda não esclareceu que nomes estão envolvidos nesta investigação.

De acordo com o comunicado da CMVM, a Blvck network não se encontra legalmente habilitada para realizar publicidade ou prospeção de clientes dirigidas à celebração de contratos de intermediação financeira”. Além disso, a entidade reguladora afirma que “todas as pessoas e entidades que tiverem estabelecido qualquer relação comercial com a entidade acima identificada, poderão contactar a CMVM”.

Para assegurar que uma determinada entidade que oferece serviços de investimento em instrumentos financeiros está autorizada a exercer atividade em Portugal deve consultar a lista de intermediários financeiros autorizados (através deste link) ou a lista de entidades habilitadas a prestar serviços financeiros em Portugal em regime de Livre Prestação de Serviços (LPS) (através deste link). A lista de analistas financeiros independentes pode ser consultada através do  link“, explica a CMVM.

*Artigo atualizado com informação sobre o comunicado da CMVM