Numa fase em que os testes de despiste ao novo coronavírus não eram acessíveis ao público em geral, o governador do estado de Nova Iorque Andrew Cuomo providenciou acesso especial a testes contra a Covid-19 para os seus familiares a outras pessoas influentes, noticia o New York Times.

A proximidades às mais altas autoridades de saúde estaduais ao governador terão ajudado à testagem, em Março de 2020 — pouco depois de o vírus ter chegado aos EUA — do seu irmão Chris Cuomo (pivot da CNN), da sua mãe e irmã, de deputados estaduais e ainda de amigos da sua administração.

Foram enviados médicos e membros de autoridades de saúde estaduais à casa do irmão e dos vários colaboradores de Cuomo para realizarem os testes, como relatam diversas fontes ao The Washington Post. Num estado com 19 milhões de pessoas, a capacidade de testagem na fase inicial da pandemia era ainda bastante limitada, conseguindo os laboratórios realizar apenas centenas de testes por dia.

Richard Azzopardi, membro da administração de Cuomo e seu conselheiro sénior, veio em reação às acusações reiterar que “os factos estão a ser distorcidos com más intenções. Estes testes foram feitos apenas com o objetivo de encontrar o vírus, sobretudo àqueles que pensávamos terem sido expostos”. “É uma tentativa mentirosa de reescrever o passado”, disse ainda num comunicado, segundo o The Washington Post.

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Preveem-se assim tempos difíceis para Cuomo, que poderá incorrer na violação das leis estaduais anti-nepotismo, que defende a abnegação a qualquer tratamento preferencial a familiares. A isto juntam-se as acusações de ocultação de milhares de mortes em casas de repouso durante a pandemia e de assédio sexual a várias antigas colaboradoras.

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