Na semana passada, os Estados Unidos da América acusaram a Rússia de enviar cerca de 25 mil militares para a fronteira com a Ucrânia, mas o número real pode ser bem maior. Segundo revelou esta segunda-feira o chefe da diplomacia europeia, Joseph Borrell, existem atualmente mais de 150 mil soldados russo na zona fronteiriça e na Crimeia. “Trata-se do maior destacamento militar de sempre junto às fronteiras ucranianas”, disse o responsável, recusando-se no entanto a revelar a fonte dos números, de acordo com a AFP.
A situação junto à fronteira da Rússia com a Ucrânia tem vindo a sofrer um agravamento ao longo deste mês de abril, com vários responsáveis, nomeadamente o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, a garantirem que este é a “maior concentração de tropas russas desde a anexação ilegal da Crimeia em 2014″. A crise levou a que o organismo recebesse na semana passada em Bruxelas o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, para uma reunião onde esteve também presente o chefe da diplomacia norte-americana.
Porque é que Putin enviou militares para a fronteira com a Ucrânia? O Ocidente está preocupado
O encontro aconteceu uma semana depois do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter afirmado que a “única maneira” de acabar com a guerra no leste do país seria através da adesão à NATO, enviando assim um “sinal real” à Rússia. Na altura, Stoltenberg argumentou que essa é uma decisão que cabe exclusivamente aos aliados da NATO e que ninguém o “direito de intrometer-se ou interferir nesse processo”, aludindo ao facto de o Kremlin ter afirmado que a adesão só iria “piorar a situação”.
Para Borrell, é claro que as tensões entre a Rússia e a Ucrânia estão a “aumentar”, uma situação que se deve ao destacamento de tropas, mas também ao estado de saúde de Alexei Navalny. “No geral, as relações com a Rússia não estão a melhorar”, afirmou à entrada de uma reunião com os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, esta segunda-feira, por videoconferência. “Pelo contrário, as tensões estão a aumentar em várias áreas.”
“A situação na fronteira ucraniana, com a mobilização de forças da Rússia, (…) é muito perigosa, e apelamos à Rússia para que retire as suas tropas”, referiu, adiantando que convidou Dmytro Kuleba a participar no Conselho de Negócios Estrangeiros de maneira a elucidar os chefes da diplomacia europeia sobre o “estado da situação” na zona fronteiriça.
O responsável admitiu anda estar “muito preocupado” com o estado de saúde de Navalny, informando os jornalistas que recebeu este domingo “uma carta” da equipa do opositor russo e que, aquando da sua deslocação a Moscovo em fevereiro, tinha “posto em cima da mesa” a questão do seu tratamento, sem que o seu pedido “tenha sido ouvido”. “Agora, a situação [de Navalny] piorou. Responsabilizamos as autoridades russas pelo estado de saúde de Navalny”, sublinhou.