O primeiro-ministro britânico Boris Johnson está a ser acusado de ter pedido dinheiro a financiadores do Partido Conservador para pagar o serviço de babysitting do filho Wilfred, de um ano. Um apoiante conservador falou sob anonimato ao The Sunday Times e afirmou que foi abordado por Boris Johnson para cobrir essas despesas. Mas não aceitou: “Não me importo de pagar por panfletos, mas custa-me ter de pagar para literalmente limpar o traseiro do bebé do primeiro-ministro”.
Entretanto, o gabinete de Boris Johnson veio assegurar que “o primeiro-ministro cobriu os custos de todos os cuidados infantis”. Dominic Raab, secretário de Estado para os Assuntos Internos, classificou o caso como “um exemplo de tagarelice”. Afirmou que não sabia se um financiador do partido foi abordado pelo primeiro-ministro para cobrir essas despesas porque “não é o tipo de conversas que se tenha com o primeiro-ministro”: “Não posso comentar todas as fofocas que saem nos jornais”, atirou.
O caso surge uma semana depois de outra polémica se ter abatido no Partido Conservador, que se prepara para as eleições locais na quinta-feira. Boris Johnson foi acusado de ter pedido dinheiro para pagar a remodelação do apartamento do número 11 da Downing Street, onde vive com a noiva Carrie Symonds e o filho do casal. As obras terão custado 200 mil libras (o equivalente a 230 mil euros) quando o orçamento nacional prevê um investimento de apenas 30 mil libras (cerca de 35 mil euros) para esse tipo de despesas.
A notícia do The Times cita fontes anónimas, mas há desconfianças de que uma delas seja Dominic Cummings. O antigo conselheiro do primeiro-ministro era o braço direito de Boris Johnson e um dos mentores para o Brexit, mas foi afastado em novembro de 2020. A 23 de abril, o estratega política escreveu no blogue pessoal que o plano para obter aquele dinheiro era “possivelmente ilegal” e podia mesmo colocar em xeque a “competência e integridade” do primeiro-ministro.
O texto surgiu depois de um membro anónimo do Governo ter acusado Cummings de estar na origem de notícias contra o Partido Conservador em vésperas de eleições. O antigo assessor comentou: “Eu disse-lhe que os planos dele para que fossem os financiadores a pagar a remodelação eram antiéticos, absurdos e possivelmente ilegais, e quase de certeza violavam as regras de transparência sobre financiamento político. Recusei-me a ajudá-lo a organizar esses pagamentos”, disse Cummings.
Segundo a lei, se as remodelações ultrapassarem o valor pago pelo Estado, o remanescente deve ser da responsabilidade pelo líder do Governo. A Câmara dos Comuns já abriu uma investigação ao caso das remodelações: “Estamos convencidos de que há razões suficientes para se suspeitar que possa ter sido cometida uma infração ou infrações. Vamos, por isso, dar seguimento a este processo através de uma investigação formal para determinar se foi esse o caso”, diz o comunicado.