O líder do Chega ameaçou esta segunda-feira “quebrar qualquer entendimento” com o PSD, incluindo nos Açores, onde o partido tem um acordo de incidência parlamentar, se os sociais-democratas “derem as mãos ao PS no Governo nacional” após as legislativas.

Numa conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa, André Ventura reagiu às palavras do líder do PSD, Rui Rio, que esta segunda-feira, numa entrevista à Antena 1, afirmou que abdicaria de formar um Governo caso isso dependesse do Chega.

Segundo o líder do Chega, o raciocínio de Rui Rio mostra que “o que está em causa nestas eleições” é a “escolha de um bloco central de governação ou a escolha de uma via alternativa“, e defendeu que o líder do PSD “prefere governar com o PS do que formar uma coligação com diversos partidos da direita parlamentar”.

Ao definir este trajeto, fica claro que o PSD deve começar a ser tratado como um partido de centro-esquerda e um aliado do PS, o que deve levar os eleitores da área política do centro-direita e da direita a pensar várias vezes antes da colocação do seu voto na urna eleitoral”, indicou.

André Ventura frisou ainda que o objetivo da direita deve ser o de “governar e retirar a maioria à esquerda parlamentar, ter a capacidade de delinear e aprovar reformas fundamentais para o país, desde a justiça à atividade económica, desenvolver uma política de aumento de salários e pensões, arredar a extrema-esquerda de qualquer influência no parlamento ou no executivo”.

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“Admitir o contrário, admitir um apoio direito ou indireto ao Governo socialista, é uma traição ao eleitorado: é isso que Rui Rio está a fazer”, realçou.

O líder do Chega apelou assim “à criação de uma grande plataforma de diálogo entre os partidos da direita parlamentar”, o que poderia “ocorrer já em dezembro, após os congressos de todos os partidos”, com o objetivo de “encontrar a fórmula necessária para afastar de vez o PS do poder”.

Ventura considerou que, caso a direita não o faça, está a “trair o eleitorado e a desmerecer a confiança neles depositada”.

“Se o PSD der as mãos ao PS no Governo nacional, permitindo a continuidade do marasmo em que andamos há seis anos, então o Chega reservará para si o lugar de única oposição nacional e dará instruções, a nível autárquico e regional, nomeadamente nos Açores, para quebrar qualquer entendimento que subsista entre o Chega e o PSD”, frisou.

A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados, sendo que, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do Chega, dois do PPM, dois do BE, uma da Iniciativa Liberal e um do PAN.

Nos Açores, PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação.

A coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD um acordo de incidência parlamentar com a IL.