A Comissão Política Nacional, direção alargada de Rui Rio, ‘chumbou’ uma eventual coligação pré-eleitoral com o CDS. O tema foi levado à reunião pelo próprio líder social-democrata mas houve uma expressiva maioria de dirigentes que disse que tal seria um erro.
Segundo apurou o Observador junto de fontes que estiveram na reunião, Rui Rio apresentou-se na reunião defendendo, entre outras coisas, que uma pré-coligação eleitoral com CDS salvaria o partido liderado por Francisco Rodrigues dos Santos — o que, em última análise, seria bom para os equilíbrios políticos à direita — e seria útil às ambições eleitorais do PSD.
Ora, os argumentos de Rio acabaram por não colher a simpatia de grande parte dos dirigentes sociais-democratas. A proposta não foi exatamente chumbada porque o líder social-democrata não a levou formalmente a votos — a direção do partido foi apenas convidada a pronunciar-se sobre essa hipótese teórica. Mas a leitura política é inevitável: a direção do PSD não quer uma aliança com o CDS nesta altura do campeonato.
Houve, aliás, quem considerasse que seria apenas “caridade” fazer uma coligação pré-eleitoral com o CDS nesta altura do campeonato, um gesto de “misericórdia” para com um partido em profunda crise e que transformaria o CDS n’Os Verdes do PSD — apesar de ter representação parlamentar, o PEV nunca se apresentou a votos sozinho e faz parte da coligação com o PCP.
Entre os que se pronunciaram sobre o tema, sabe o Observador, estavam pelo menos três vice-presidentes do partido: Nuno Morais Sarmento, David Justino e André Coelho Lima. Este último, de resto, já se tinha manifestado publicamente contra essa hipótese.
“O PSD deve apresentar-se a eleições como partido social-democrata como sempre fez, tirando quando esteve no governo coligado”, afirmou o vice-presidente do PSD em entrevista ao Observador.
Rui Rio teve sempre uma posição algo recuada sobre uma eventual coligação pré-eleitoral com o CDS, tendo-o dito várias vezes. No entanto, nos últimos dias, tem mostrado abertura para firmar um acordo como Francisco Rodrigues dos Santos.
Na segunda-feira, em entrevista à Antena 1, o líder social-democrata disse que esta“tendencialmente estaria mais para sim do que para não” no que toca a uma coligação pré-eleitoral com o CDS, elogiando Francisco Rodrigues dos Santos e descrevendo-o como “uma pessoa pela qual tenho simpatia pessoal”.
O líder do CDS, aliás, já manifestou várias vezes a disponibilidade para pensar essa aliança com Rui Rio. Mas, atendendo ao momento de disputa interna que se vive no PSD, e à opinião já manifestada por Paulo Rangel, Francisco Rodrigues dos Santos já vai admitindo que o partido tem mesmo de ir a votos sozinho.
“Não estou desesperado por nenhuma coligação pré-eleitoral com o PSD. Se não houver coligação, faremos o nosso caminho autónomo. O CDS não está em standby”, garantiu Rodrigues dos Santos em entrevista ao Observador.