Fernando Santos admitiu esta quarta-feira que sai do comando técnico da Seleção Nacional se Portugal não se qualificar para o Mundial de 2022, que se realizará no Qatar. “Saio pelo meu próprio pé”, garante, não acreditando, no entanto, nesse cenário. “Isso não vai acontecer.”

“No dia em que não cumpra um objetivo, saio sozinho”, afirma o selecionador, que indica que não falou com o presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, sobre a sua eventual saída. No entanto, destaca que o assunto entre os dois está clarificado: “Sempre definimos objetivos”. “Tenho um compromisso com o presidente. Somos pessoas muito pragmáticas e exigentes.”

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Insistindo na ideia de que Portugal se vai apurar nos play-offs, Fernando Santos diz que “continua a ser o homem certo” para treinar a equipas das quinas por ter cumprido todos os objetivos a que se propôs — como a qualificação para o Mundial 2014 ou o Europeu 2020. No que diz respeito a este apuramento, o selecionador nacional sinaliza que Portugal não passou “de forma direta”, mas que isso já aconteceu outras vezes no passado.

Por tudo isto, Fernando Santos garante que o presidente da federação também continua a achar o mesmo, destacando que tem uma “grande exigência” e que estão em contacto todos os dias.

“Falei com Fernando Gomes sobre o jogo da Sérvia, não só a seguir ao jogo. Sempre falámos. Na primeira reunião com ele e com o staff sempre falámos e analisámos [os jogos]. Sempre falámos. Ele é muito exigente e é extremamente objetivo e eu também sou exigente. Além da nossa conversa, também fiz uma reflexão individual”, afirma Fernando Santos.

O técnico português salientou ainda que não vai tão cedo abandonar o futebol e que não está a pensar reformar-se.

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Confiança é “total” com Cristiano Ronaldo

Questionado em entrevista à TVI sobre a relação com Cristiano Ronaldo, Fernando Santos destaca que ambos têm “confiança total” um no outro. Rejeitou ainda que o capitão faça pressão ao selecionador — “antes pelo contrário” — e comentou o incidente em que CR7 está visivelmente irritado a falar com o técnico, explicando que isso ocorreu após uma troca de palavras com um jogador sérvio.

Sobre o último jogo, Fernando Santos admitiu que a partida (e a anterior com a República da Irlanda) não correram bem. “É responsabilidade minha. Joguei com uma equipa que pensei que funcionasse bem, mas isso não aconteceu”.

O selecionador justificou o desaire frente à Sérvia pelo sistema tático que o adversário utilizou e pelo facto de ter utilizado três defesas centrais, algo que faz com que Portugal tenha dificuldade na organização defensiva. “A primeira parte foi muito má”, admite, referindo que o plano não funcionou, apesar de dar “alguma mérito” à equipa balcânica: “Não me lembro de ver Portugal a jogar sempre nos seus 30 metros finais.”

Fernando Santos salienta que a segunda parte foi melhor e não tem “dúvidas nenhumas” que, face a esta debilidade, Portugal vai melhorar até março, mês em que joga os play-offs de acesso ao Mundial. “Apesar de não ter muito tempo, tenho a certeza que vou conseguir resolver”, dando ainda conta de que a relação com jogadores é “excelente”.

Confrontado com o facto de Rafa ter sido dispensado da Seleção Nacional, o selecionador diz que as notícias que dão conta de um mal-estar entre a FPF e o jogador são “totalmente falsas”. “Ele esteve sempre comigo e vai voltar a ser chamado.”

Numa retrospetiva aos últimos jogos, Fernando Santos aponta que Portugal tem tido muitas “oscilações”, algo que não é normal: “As exibições não são constantes e há muitos altos e baixos”. No entanto, a seleção nacional já “fez coisas muito boas”.