Professores e diretores escolares saudaram esta sexta-feira a decisão do Governo em adiar o início das aulas em janeiro, mas dizem continuar à espera de saber quando serão chamados para o reforço da vacina contra a Covid-19.
Depois do Natal, as crianças e jovens só vão regressar às creches e escolas a 10 de janeiro, segundo decisão tomada esta quinta-feira em Conselho de Ministros e aplaudida esta sexta-feira pelo secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof): “A semana de prolongamento da pausa letiva tem lógica”, disse à Lusa Mário Nogueira.
“Concordamos com a medida de prolongamento da pausa letiva por uma questão de prevenção contra a propagação da Covid-19, até porque estes dias serão compensados no Carnaval e na Páscoa“, corroborou o secretário-geral da Federação Nacional de Educação (FNE).
João Dias das Silva recordou que, no passado ano letivo, “quando os números de novos casos começaram a ser preocupantes”, a FNE tinha sugerido ao Governo que adiasse o início das aulas depois das festas.
Mas, na altura, a sugestão não foi acolhida, acrescentou o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), que disse à Lusa terem feito uma proposta semelhante.
Há exatamente um ano propusemos ao Ministério da Educação que prolongasse as férias do Natal e agora vemos que estão a usar a experiência do passado”, disse Manuel Pereira, recordando que no passado ano letivo as aulas recomeçaram na data prevista mas, no final de janeiro, os alunos foram duas semanas para casa devido ao agravamento da situação pandémica.
Os representantes das duas associações representativas dos diretores estão ambos de acordo com as medidas decididas em Conselho de Ministros.
Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), considera que “retardar o início do ano é prudente”, lamentando que “quando a sociedade não tem juízo, a escola é que paga”.
Manuel Pereira alertou apenas para o facto de o adiar do início das aulas se traduzir em menos dias de pausa no Carnaval e na Páscoa, usados para descanso e planificação do trabalho e que deixarão de existir “à custa dos profissionais de educação, que já estão bastante cansados”.
Este ano letivo, em vez de três dias de férias de Carnaval, alunos e trabalhadores só irão parar a 1 de março e as férias da Páscoa vão começar três dias mais tarde, ou seja, a 19 de abril, segundo informações avançadas à Lusa por Filinto Lima.
Tanto diretores como representantes de professores e funcionários de escolas estão também todos de acordo quanto ao “que faltou ouvir na quinta-feira do primeiro-ministro”, sintetizou Filinto Lima.
Os representantes da FNE, Fenprof, ANDE e ANDAEP continuam a pedir que os trabalhadores escolares sejam considerados prioritários no processo de reforço de vacinação, lembrando que estão em contacto diário com centenas de crianças.
Faltaram duas medidas que esperamos ainda ouvir das autoridades de saúde, que é os professores e restantes funcionários serem considerados prioritários no processo de vacinação, para que as escolas possam permanecer abertas, e avançar com a testagem periódica nas escolas e não apenas quando aparecem casos”, resumiu Mário Nogueira.
A estas medidas, Filinto Lima somou que gostaria de “ter ouvido o primeiro-ministro anunciar a obrigatoriedade do uso de máscara no 1.º ciclo”.