O prolongamento da autoestrada A28 para norte, a aposta na ferrovia para reforço da ligação a Espanha, a requalificação de estradas e uma rede de transportes para o Alto Minho estão entre as propostas de candidatos às legislativas antecipadas.

Em declarações à agência Lusa, os cabeças de lista dos nove partidos com representação parlamentar nesta legislatura e que vão a votos no dia 30 de janeiro não são unânimes quanto ao prolongamento da A28 até Valença, mas concordam com a necessidade, há muito reclamada, de requalificação da Estrada Nacional (EN)101, de Valença até Monção, e da EN 202, de Monção até São Gregório, em Melgaço.

O reforço da aposta na ferrovia, considerada estruturante para as relações com a vizinha Galiza, e a criação de uma rede de transportes públicos para o Alto Minho estão entre as propostas das candidaturas da CDU-Coligação Unitária Democrática (PCP-PEV), do PS, o CDS-PP, PSD, Iniciativa Liberal (IL), Pessoas-Animais-Natureza (PAN), CHEGA, LIVRE e Bloco de Esquerda.

O cabeça de lista do PS, Tiago Brandão Rodrigues, destacou “o compromisso pela defesa do investimento na corda do rio Minho, para que se crie um verdadeiro eixo rodoviário, com uma ligação capaz e de qualidade entre os concelhos de Caminha, Vila Nova de Cerveira, Valença, Monção e Melgaço, incluindo o troço até à fronteira de São Gregório”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O candidato socialista acrescentou que “o Programa Nacional de Investimentos 2030 contempla várias obras a realizar até ao final desta década, entre as quais a ligação rodoviária entre Caminha (A28) e a A3 (no nó de Sapardos), com ligação a Valença, no valor de 65 milhões de euros”.

O candidato do PSD, Jorge Mendes, acusou o Governo PS de manter “cativa” a requalificação da EN 101 e de “não ter colocado na agenda política” o prolongamento da A28 até Valença/ Monção e do Itinerário Complementar 28 (IC28) até fronteira da Madalena, no Lindoso, Ponte da Barca, considerada a “única porta de entrada” do Alto Minho à província de Ourense, na Galiza, prevista há mais de uma década.

“Apesar da insistência dos deputados do PSD, os únicos a reclamar sistematicamente da necessidade desses avanços”, sustentou.

Segundo Joana Mendes, cabeça de lista do CDS-PP, a requalificação das EN 101 e 202 e o prolongamento da A28 até Valença (incluindo o futuro prolongamento para Monção e Melgaço) constam do programa eleitoral para o Alto Minho, por serem “prioritárias para o reforço das ligações rodoviárias transfronteiriças”.

A melhoria da ligação de Caminha aos concelhos galegos de Rosal ou A Guarda, através de uma ponte transfronteiriça e da operacionalidade da travessia por ‘ferryboat’, bem como a aposta na ligação à fronteira da Madalena, através da remodelação da EN 203 e EN304-1, entre Ponte da Barca e Lindoso, são outras das propostas da candidatura do CDS-PP

Para Maria Ivone Marques, da Iniciativa Liberal (IL), a beneficiação das EN 101 e 202, “é uma reclamação que já há muito deveria ter sido atendida”. Já o prolongamento da A28 “seria interessante, mas não prioritário”.

“Mais importante, para o crescimento coeso do distrito, seria o prolongamento do IC 28 em direção a Ourense que tem já ligação ferroviária de alta velocidade a Madrid”, defendeu.

A lista da CDU, encabeçada por Joaquim Celestino Ribeiro, considera aquelas ligações uma “preocupação” antiga pela qual os deputados até agora eleitos [a CDU nunca elegeu nenhum deputado pelo distrito de Viana do Castelo] pouco ou nada conseguiram” fazer.

O candidato comunista defendeu “a criação de uma rede de transportes no Alto Minho, com mais e melhores transportes públicos, reforçando o serviço da linha ferroviária do Minho, garantindo a ligação rodoviária entre todos os concelhos do distrito, implementando a redução tarifária, com equiparação aos preços das áreas metropolitanas”.

Luís Louro, do Bloco de Esquerda (BE), partido que nunca elegeu deputados pelo Alto Minho, também acusou os deputados dos dois maiores partidos (PS e PSD), de “nada fazerem, durante anos, pelo prolongamento da A28 para norte e pela requalificação das estradas nacionais que servem o vale do Minho.

“Quer o PS, quer PSD, que têm sido responsáveis pela governação do país, têm elegido sempre deputados pelo círculo de Viana do Castelo, mas as grandes obras, aquelas que transformam a região e que melhoram a sua competitividade, chegam sempre mais tarde do que aos outros distritos”, afirmou.

O cabeça de lista do PAN, Miguel Queirós, considerou “a duplicação e tecnologização da Linha do Minho, recentemente eletrificada, mais urgente” do que o prolongamento da A28 para norte, por se tratar “de um meio de transporte do futuro, eficiente, não poluente e ambientalmente sustentável”.

Já sobre a requalificação das EN101 e 202, disse ser “obrigação do Estado prover à conservação e manutenção de todas as obras públicas, sendo que estas duas vias configuram ligações estruturantes, sem outra alternativa, que servem as populações raianas do Alto Minho”.

O candidato do LIVRE, Filipe Faro da Costa, defendeu o “relançamento” do projeto ferroviário que propunha a ligação entre Braga e Monção, passando por Ponte da Barca e Arcos de Valdevez, propondo ainda ligações de Valença até Melgaço, Viana do Castelo e Ponte de Lima, e a construção de um ramal até Paredes de Coura.

Filipe Faro da Costa concorda com requalificação das EN 101 e 202, desde que contemplem a criação de ciclovias que garantam segurança e permitam aumentar a utilização de bicicletas e trotinetes entre as localidades.

Manuel Moreira, cabeça de lista do CHEGA, garantiu que se irá “bater” pela requalificação da EN 101 e 202 por serem “vias que ligam vários concelhos transfronteiriços e que são importantes para o turismo e para a indústria da região”.