Os exercícios navais que a Rússia planeia realizar na costa irlandesa em fevereiro foram “mal recebidos” pela Irlanda. O país insular não pode, contudo, impedir os treinos russos.

Simon Coveney, ministro dos Negócios Estrangeiros, assim como ministro da Defesa, explicou em Bruxelas que o governo irlandês foi notificado pela Rússia da realização de exercícios navais, em fevereiro, a 240 quilómetros da costa sudoeste irlandesa, conta a BBC.

Embora esta região onde se vão desenvolver os treinos pertença à Zona Económica Exclusiva (ZEE) da Irlanda, o país não pode impedir que a atividade se realize. Isto porque, embora um país possa explorar os recursos marítimos da sua ZEE, não pode contudo, suspender exercícios navais e manobras navais nestas regiões.

“À luz do contexto político e de segurança na Europa, o ministério dos Negócios Estrangeiros levantou uma série de questões às autoridades russas em relação a estes exercícios”, afirmou Simon Coveney.

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O ministro da Defesa explicou ainda, segundo a CNN, que a Autoridade de Aviação da Irlanda tinha sido informada dos exercícios, pelo que os voos de e para o país terão rotas alteradas para que não passem na região onde se desenrolarão os exercícios navais.

A caminho da reunião do Conselho de Segurança da União Europeia desta segunda-feira, onde esteve o ministro português Augusto Santos Silva, Simon Coveney afirmou ter deixado “claro ao embaixador russo na Irlanda que [o exercício] não é correto. Esta não é a altura de aumentar a atividade militar e as tensões no atual contexto que está a acontecer com e na Ucrânia“.

“Qualquer agressão contra a Ucrânia terá consequências”, diz Augusto Santos Silva

Escolherem realizar os exercícios  em fronteiras ocidentais, diga-se, da União Europeia, na costa irlandesa, é algo que, do nosso ponto de vista, não é correta neste momento, particularmente nas semanas vindouras”, acrescentou o ministro irlandês.

Irlanda: um setor de Defesa debilitado

Além de não ser membro da NATO, a Irlanda apresenta, segundo a Sky News, um dos orçamentos mais baixos da Europa no que respeita à Defesa.

A marinha irlandesa, segundo o mesmo canal de notícias, dispõe apenas de nove navios, mas em novembro apenas uma das embarcações estava operacional, com os funcionários dos navios em cada vez menor número — menos 25% que em 1998 — e algumas das embarcações, ou em reparações, ou paradas devido a surtos de Covid-19. Além de não possuir qualquer submarino, o país do norte do Atlântico não tem nenhum avião caça, contando apenas oito aviões de combate Pilatus PC-9M.

Para a Sky News, a Irlanda poderá assim ser vista pela Rússia como o elo mais fraco da Europa Ocidental em termos de segurança marítima e aérea.