A BBC acusou as autoridades sudanesas de deterem três jornalistas do serviço em língua árabe, levando-os “para local desconhecido”, quando cobriam os protestos desta segunda-feira contra o golpe de Estado em outubro passado no país.
“As autoridades sudanesas prenderam hoje a equipa do canal árabe da BBC que havia sido enviada a Cartum e credenciada pelo Ministério da Informação sudanês”, denunciou a emissora pública britânica na rede social Twitter, acrescentando que os três jornalistas foram transferidos “para local desconhecido”.
أوقفت أجهزة الأمن السودانية صباح اليوم الاثنين فريق بي بي سي عربي الموفد إلى الخرطوم والمعتمد من قبل وزارة الإعلام السودانية. pic.twitter.com/wGnTEsV1gM
— BBC News عربي (@BBCArabic) February 7, 2022
A BBC acrescenta que a sua administração está a “conduzir comunicações intensivas com as autoridades sudanesas para garantir a libertação da equipa o mais rápido possível”.
A detenção dos jornalistas ocorreu em mais um dia em que os chamados Comités de Resistência, que organizam mobilizações no Sudão, convocaram uma nova jornada de protestos contra o golpe de Estado perpetrado pelos militares em 25 de outubro.
Em 16 de janeiro, a estação de televisão Al Jazeera denunciou que as autoridades sudanesas anularam a credencial de autorização de trabalho após a cobertura dos protestos populares contra a junta militar.
As autoridades sudanesas defenderam então que a medida foi tomada considerando que a Al Jazeera “transmitiu conteúdo nocivo” para a população.
A estação do Qatar já havia denunciado a detenção de vários dos seus jornalistas no Sudão nos últimos meses, incluindo o diretor do seu escritório em Cartum, Al Musalami al Kabashi, que esteve detido durante três dias em novembro passado e submetido a interrogatório, também com relação à cobertura dos protestos.
Mais de 70 pessoas já morreram nas manifestações de protesto no Sudão contra o golpe militar, tendo centenas ficado feridas na repressão das forças de segurança, segundo o Comité de Médicos do país.