Luc Montagnier, coautor na descoberta do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), morreu esta terça-feira, com 89 anos.

O cientista, que recebeu o Prémio Nobel da Medicina em 2008, morreu no Hospital Americano, em Neuilly-sur-Seine (França), conta a BBC.

Luc Montagnier começou a estudar o vírus no início dos anos 1980, quando trabalhava no Instituto Pasteur, uma fundação de investigação sem fins lucrativos de França. O cientista, em conjunto com uma equipa composta, de entre outros, por Françoise Barré-Sinoussi — que ganharia o prémio Nobel em conjunto com Luc Montagnier — analisaram amostras de tecido de pacientes que apresentavam a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA).

A equipa do Instituto Pasteur conseguiu detetar o VIH nos nódulos linfáticos de um paciente com SIDA, e publicou as suas conclusões a revista Science, em 1983, mesma edição em que o cientista norte-americano Robert Gallo publicou resultados similares, concluindo mais tarde que seria o Vírus da Imunodeficiência Humana o responsável pela SIDA.

Após vários anos de disputa pelo pódio na descoberta, Robert Gallo assumiu, em 1991, que o vírus descoberto por si tinha advindo, um ano antes, do Instituto Pasteur. Luc Montagnier e o cientista norte-americano acordaram, em 2002, que tinha sido a equipa francesa a descobriu o VIH, mas que tinha sido Robert Gallo o responsável por demonstrar a sua implicação na SIDA.

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Embora tenha contribuído com sucesso para a descoberta do VIH, Luc Montagnier acabou por ver-se envolvido em diversas polémicas, conta o New York Times.

Em 2009, o virologista considerou, numa revista científica criada por si, que o ADN emitiria radiação eletromagnética, sugerindo que algum ADN bacteriano continuaria a emitir sinais mesmo depois de uma infeção ter sido tratada. Em 2012, Luc Montagnier afirmou, numa conferência sobre autismo, que os antibióticos, quando utilizados a longo prazo, poderiam curar essa condição.

Já em relação à Covid-19, o virologista defendeu, em maio de 2020, que os programas de vacinação eram um “erro inaceitável”, uma vez que a vacinas, segundo Luc, poderiam causar variantes virais.

Nascido na vila francesa de Chabris, no centro de França, em 1932, Luc Montagnier começou a trabalhar na Faculdade de Ciências de Paris em 1955.