É o décimo dia da guerra na Ucrânia, após a invasão da Rússia. Há duas cidades tomadas pelas forças russas, a cidade portuária de Mariupol ia ser evacuada, via corredor humanitário, mas a operação foi suspensa antes de ter começado, porque os bombardeamentos não foram interrompidos.

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Terceira ronda de negociações Rússia-Ucrânia acontece 2.ª feira

O que aconteceu ao final da tarde e durante a noite?

• O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia pediu uma nova ronda de sanções contra a Rússia, assente em quatro pontos: banir o banco russo Sberbank do SWIFT, fechar os portos europeus a navios russos, impedir o acesso da Rússia a criptomoedas e a suspensão da compra de petróleo russo. Sobre este último ponto, Dmytro Kuleba foi particularmente incisivo, e disse que quem compra petróleo à Rússia está a “ financiar os crimes de guerra” de Moscovo. “O petróleo russo cheira a sangue ucraniano”, afirmou numa conferência de imprensa, em que pediu também que se agilize o processo de adesão da Ucrânia à União Europeia.

Ucrânia pede ao mundo que deixe de comprar petróleo russo. “Cheira a sangue ucraniano”, diz o MNE

• Foi um dia agitado para o MNE ucraniano, que este sábado esteve também com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, na fronteira da Ucrânia com a Polónia. Neste encontro, Kuleba voltou a pedir que seja criada uma zona de exclusão aérea no país.
• O Presidente ucraniano divulgou mais um vídeo, em que apela a todos os ucranianos que estão em cidades ocupadas que organizem protestos contra as forças russas. Neste vídeo, Volodymyr Zelensky encorajou à resistência dos ucranianos e deixou ainda uma palavra de apoio à população de Donbass, no leste do país, dizendo que não é verdade o que dizem os “mentirosos na televisão russa”.
• Mais empresas suspendem as operações na Rússia: as marcas Prada e Puma deixam de funcionar no país, e as empresas de cartões de pagamentos Visa e Mastercard anunciam as suspensão das transações na Rússia.
• A guerra continua a ter efeitos no mundo do desporto, com a Federação Internacional de Motociclismo a cancelar todas as licenças de pilotos russos e bielorrussos, bem como todas as corridas previstas para Rússia, Bielorrússia e Ucrânia.

O que aconteceu durante a manhã e até a meio da tarde?

• A terceira ronda de negociações entre a Rússia e a Ucrânia está marcada para esta segunda-feira;
• Em declarações ao Senado norte-americano, o Presidente da Ucrânia pediu ajuda aos EUA para estabelecer uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia e para impor maiores sanções à Rússia, em particular no que toca ao setor da energia. Volodymyr Zelensky defendeu ainda a proibição das exportações russas de petróleo, a suspensão de todas as transações comerciais (como Visa e Mastercard), e pediu mais aviões que os pilotos ucranianos possam pilotar, isto é, de fabricação russa;
• Vladimir Putin considerou que as sanções impostas à Rússia são semelhantes a uma declaração de guerra e afastou a possibilidade de declarar lei marcial. Em declarações num almoço com comissárias de bordo, o Presidente da Rússia sublinhou também que o encerramento do espaço aéreo da Ucrânia por qualquer país seria visto pela Rússia como uma “participação num conflito armado”;
• Ao décimo dia de guerra, já morreram 351 civis e 707 ficaram feridos. É o mais recente balanço das Nações Unidas, citadas pela Reuters;
• A retirada de 200 mil civis de Mariupol e de outros 15 mil Volnovakha através de corredores humanitários acabou por não acontecer, uma vez que a Rússia não respeitou o cessar-fogo acordado. Segundo o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), a evacuação destas cidades não irá ocorrer este sábado. A Rússia, por sua vez, acusou “nacionalistas” ucranianos de impedir os civis de Mariupol de saírem da cidade, garantindo que os corredores humanitários estão abertos;
• O Kremlin acusou o Ocidente de “bandidagem económica” e garantiu que a Rússia irá responder. No entanto, o porta-voz Dmitry Peskov não especificou que resposta seria dada pela Rússia, mas garantiu que este comportamento não iria isolar o país;
• O Presidente da Turquia irá falar por telefone com o homólogo russo no domingo e irá pedir a Putin para acabar com a guerra, para “dar uma chance” ao cessar-fogo e para estabelecer corredores humanitários;
• A guerra na Ucrânia está a fazer subir os preços da energia e dos cereais. O alerta é feito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que antecipa um impacto “muito severo na economia global”. O FMI acrescentou ainda que, na próxima semana, vai analisar o pedido da Ucrânia para 1,4 mil milhões de dólares em financiamento de emergência;
• Centenas de ucranianos saíram às ruas de Kherson, uma cidade tomada pelos russos, para protestarem contra a invasão;
• A companhia aérea russa Aeroflot vai suspender todos os seus voos internacionais, à exceção das ligações para a Bielorrússia;
• A Inditex e a Tendam anunciaram a suspensão das operações na Rússia. A Inditex, dona das lojas Zara, Stradivarius, Bershka ou Massimo Dutti, vai fechar temporariamente 502 estabelecimentos e a Tendam vai encerrar outros 50;
• A equipa norte-americana Haas despediu Nikita Mazepin, o único piloto russo que estava na Fórmula 1.

O que aconteceu durante as primeiras horas da manhã?

Fronteira entre a Ucrânia e a Rússia

• O Ministério da Defesa da Rússia anunciou um cessar-fogo temporário e parcial para que corredores humanitários sejam abertos às 10h00, hora de Moscovo, nas cidades de Mariupol e Volnovakha, mas as evacuações foram suspensas quase antes de terem começado. As autoridades locais denunciaram a continuação dos bombardeamentos. E às 15 horas (em Portugal) a operação ainda não tinha arrancado.
• Antes num curto comunicado, citado pela Sky News, o autarca de Mariupol, confirmava que estão em curso os preparativos para abrir um corredor humanitário. “Não temos escolha a não ser sair”, afirmou Vadym Boichenko, que deixará a cidade em conjunto com os moradores. Estava prevista a saída de mais de 200 mil pessoas das duas cidades na direção a Ocidente.
• “É altamente provável’ que quatro cidades ucranianas estejam sitiadas por forças russas. A informação das secretas britânicas foi partilhada esta manhã numa atualização sobre a situação na Ucrânia. Apesar disso, as cidades de Kharkiv, Chernihiv, Sumy permaneciam em mãos ucranianas. Mariupol começou a ser evacuada.
• O ministro da Defesa ucraniano anunciou, na sua conta oficial de Twitter, que 66.224 ucranianos regressaram ao país, vindos do estrangeiro, para se juntar aos soldados. Isso permitiu criar 12 novas brigadas, escreveu Oleksi Reznikov.
• A dona da Zara, a Inditex, é a última empresa a anunciar que vai abandonar o país de Vladimir Putin e fechar mais de 500 lojas. A PayPal anunciou a suspensão de todos os seus serviços de pagamento na Rússia, juntado-se à Samsung, à Microsoft e a uma série de outras empresas como Chanel, H&M, IKEA e Nike que pararam os seus negócios no país.

O que aconteceu durante a noite e a madrugada?

A maioria dos ucranianos está a abandonar o país de comboio

• Nas últimas horas, o avanço das forças russas fez cair mais uma cidade ucraniana Trostyanets, no norte, depois de já terem tomado Kherson. Já esta madrugada, o autarca de Mariupol confirmou que a cidade portuária está sitiada pelas forças russas, algo que o Ministério da Defesa do Reino Unido já tinha avisado que era provável que viesse a acontecer. Mariupol é uma cidade estratégica já que une duas zonas controladas pelos russos , permitindo criar um corredor terrestre entre a península da Crimeia, ocupada desde 2014, e as regiões separatistas de Lugansk e Donetsk.
• EUA e NATO acreditam que Rússia quer “bombardear cidades” ucranianas até à rendição, de acordo com uma fonte dos serviços secretos dos EUA ouvida pela CNN.

Zelensky: “Sabendo que novos ataques são inevitáveis, a NATO decidiu não fechar os céus da Ucrânia”

• Pentágono diz que não houve fuga radioativa em Zaporíjia. Se a situação tivesse evoluído de outra maneira, poderia ter havido “muito mais estragos e destruição para as pessoas da Ucrânia, assim como para os países vizinhos”, alertou John Kirby.
• O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, vai falar este sábado com os senadores norte-americanos por vídeo conferência — todos os senadores poderão participar, avança a Sky News. A videoconferência está agendada para as 14h30 (hora de Lisboa).
• O Conselho de Segurança da ONU esteve reunido, com representantes de vários países a condenarem o ataque à central nuclear de Zaporíjia, agora em mãos russas. A nova reunião de emergência do Conselho de Segurança ficou marcada para segunda-feira.

Central nuclear de Zaporíjia foi campo de batalha — e os russos já controlam as instalações. Qual o pior cenário possível e como evitá-lo?

• O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica indicou ter uma equipa disponível para se deslocar à central nuclear de Chernobyl para assegurar a “segurança” do local. A Rússia ainda não aceitou a oferta, disse.
• As forças russas estão a 32 quilómetros da segunda maior central nuclear da Ucrânia — a de Yuzhnoukrainsk, em Mykolaiv, no sul do país. A notícia está a ser avançada pelo Kyiv Independent que cita a embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield.
• Singapura anuncia sanções à Rússia, sendo o primeiro país do Sudeste Asiático a fazê-lo. “Iremos impor controles de exportação de produtos que podem ser usados ​​diretamente como armas para infligir danos ou subjugar os ucranianos, bem como artigos que possam contribuir para operações cibernéticas ofensivas”, esclarece o comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
• Lviv ou estrangeiro? EUA estudam possibilidade de estabelecer nova sede do governo ucraniano devido ao avanço das forças russas em todo o território.
• União Europeia vai pôr fim a extradições para a Rússia, diz ministro francês Eric Dupond-Moretti
• Uma equipa da Sky News foi retirada da Ucrânia e levada para o Reino Unido depois de jornalistas da estação terem sido atingidos durante um ataque. Os jornalistas tentavam visitar uma cidade nos arredores de Kiev quando tudo aconteceu — a equipa era composta por cinco pessoas.
• O Washington Post anunciou que, para segurança dos seus jornalistas, deixará de publicar o nome de quem assina peças sobre a Rússia, bem como a data de produção dos textos. A decisão foi tomada depois das mudanças legislativas na Rússia que afetam os media — 15 anos de prisão, pena máxima, para quem dissemine notícias “falsas” sobre o exército.

Ainda pode ler o resumo do dia 9 neste link.

Mapa da guerra. O que se sabe sobre a invasão russa no dia 9