A zona de exclusão aérea na Ucrânia, ou no-fly zone, continua a ser um dos temas que tem dividido a NATO e tem criado alguma tensão com o Presidente ucraniano. Após a organização militar ter recusado aplicar a medida por receio de uma guerra mundial, Volodymyr Zelensky foi bastante duro nas críticas: “O conselho da NATO foi fraco. Confuso. Mostrou que nem todos consideram que a luta pela liberdade é o objetivo número um da Europa”.

Num discurso ao país transmitido esta sexta-feira à noite, o Presidente ucraniano apontou que, apesar de os Estados-membros terem conhecimento dos “planos dos inimigos” e de que a “Rússia quer continuar a ofensiva”, assistem impávidos a “cidades a serem destruídas” e “pessoas a ser alvo de bombardeamentos”. “Sabendo que novos ataques e baixas são inevitáveis, a NATO decidiu deliberadamente não fechar os céus da Ucrânia“, afirmou, indicando que os Estados-membros que pertencem à organização militar “criaram uma narrativa que a exclusão aérea da Ucrânia provocaria uma agressão direta da Rússia à organização”.

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“É auto-hipnose” daqueles que são “fracos, pouco confiantes”, prosseguiu Volodymyr Zelensky, que apelou a que NATO pense “nas pessoas” e na “Humanidade”. “Todos as pessoas que vão morrer a partir deste dia vão morrer por causa” da “desunião” e “fraqueza” da NATO, acusou o Presidente ucraniano, acrescentando que “tudo o que a Aliança conseguiu fazer foi conceder 50 toneladas de diesel”. Assim, a organização militar “deu luz verde para mais bombardeamentos nas cidades ucranianas”. 

Contudo, Volodymyr Zelensky assumiu estar “grato” a países amigos na NATO: “Há muitos países que são nossos amigos, parceiros — os nossos parceiros mais poderosos. Aqueles que nos ajudam desde o primeiro dia da invasão”. “É por isso que não nos sentimos sozinhos ao lutar pela nossa terra”, destacou.

Depois do Conselho da NATO, o secretário-geral do tratado militar justificou não ter aplicado a zona de exclusão aérea na Ucrânia, porque a organização “não é parte do conflito”. Temendo uma reação russa, Jens Stoltenberg explicou que também é responsabilidade da NATO “prevenir uma guerra que vá além da Ucrânia porque isso poderia ser ainda mais perigoso, mais devastador e iria causar mais sofrimento humano”.

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Em linha com esta posição está a de Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, que sinalizou que a única forma de implementar uma medida desse tipo seria enviar forças da NATO para o espaço aéreo ucraniano, para que pudessem abater aviões russos — e isso iria implicar a entrada da Rússia numa guerra “total na Europa”.