Foi uma das regiões que esteve na origem da guerra entre a Geórgia e a Rússia em 2008 e que obrigou as forças russas a entrar no país vizinho. Agora, num momento em que Moscovo está envolvida noutra frente, chega aquilo que poderá ser um pretexto para uma escalada da tensão. Esta quarta-feira, o Presidente da zona separatista Ossétia do Sul fez um discurso, na televisão estatal russa, a apelar que a que região se junte à Federação Russa, propondo a realização de um referendo para o efeito.

“Eu acredito que a união com a Rússia é o nosso objetivo estratégico, o nosso caminho, a aspiração do nosso povo e, por isso, nós vamos concretizar isso. Nós vamos tomar os passos legais. A República da Ossétia do Sul será parte da sua pátria histórica, a Rússia”, afirmou Anatoly Bibilov.

Para o Presidente da região separatista, “será decerto necessário consultar o povo e permitir que ele se exprima sobre a possibilidade de nos juntarmos à Federação da Rússia”. “Não é muito difícil fazê-lo sem demora. Como dizemos, é uma questão de técnica”, assegurou.

A região da Ossétia do Sul espera que todos os procedimentos legais estejam oficializados em abril, de forma a poder coincidir com as eleições presidenciais marcadas para o próximo mês.

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Nas redes sociais, Anatoly Bibilov partilhou um vídeo em que argumenta que a Rússia defende “aqueles que estão contra o nazismo”, numa alusão à narrativa do Kremlin de querer desnazificar a Ucrânia. Os ossetas não devem, por isso, “perder a oportunidade” de se juntarem à Rússia.

A Ossétia do Sul e a Abecásia são duas regiões do Cáucaso do Sul que proclamaram a secessão da ex-República soviética da Geórgia. As suas independências foram reconhecidas em agosto de 2008 pela Rússia, após uma guerra-relâmpago entre Tbilisi e Moscovo.

Após este conflito, as forças russas estão estacionadas de forma permanente na Ossétia do Sul e na Abkházia. Esta declaração surge na sequência da invasão da Ucrânia pelo exército russo, oficialmente para prestar auxílio a dois outros territórios separatistas russófonos, Lugansk e Donetsk, situados no leste da Ucrânia.

Na última semana, Anatoly Bibilov anunciou o envio para a Ucrânia de soldados da Ossétia do Sul para “ajudarem a proteger a Rússia”.No domingo, o chefe dos separatistas de Lugansk, Leonid Pasetchnik, anunciou a realização de um referendo “num futuro próximo”, para que esta região se junte à Rússia. O chefe dos separatistas de Donetsk, Denis Pushilin, também se tem pronunciado regularmente sobre uma eventual fusão com Moscovo.