Nunca foi usada em combate e, até mais do que isso, ninguém tinha ouvido falar nesta arma até esta semana — mais exatamente, até aos EUA anunciarem que a vão enviar para a Ucrânia. Mas existe, chama-se drone “Phoenix Ghost” (em português algo como drone “Fantasma de Phoenix”), alegadamente adapta-se bem às características dos territórios do Donbass e leste da Ucrânia em geral e será enviada brevemente pelas tropas norte-americanas à Força Aérea Ucraniana.

O nome não se ouvira sequer até esta quinta-feira, 21 de abril, altura em que o departamento da Defesa publicou um comunicado detalhando o tipo de equipamento militar cujo envio para a Ucrânia acabara de ser autorizado — incluído num novo pacote de “apoio adicional dos UEA em matéria de segurança” avaliado em 800 milhões de dólares. Nessa lista de material, surgiam os drones que o site Politico já descreveu utilizando o adjetivo “misteriosos”. Sistemas Aéreos Tácticos e Não Tripulados Phoenix Ghost é o nome técnico e exato.

Este tipo de drones serve sobretudo para ações de ataque a alvos específicos, mais do que para monitorização de território, tendo utilização única (destroem-se após a mesma). Em conferência de imprensa, esta quinta-feira, o porta-voz do Pentágono norte-americano John Kirby explicou: “Este era um drone que já estava a ser desenvolvido antes da invasão [russa à Ucrânia], claramente. Após conversas que tivemos com os oficiais ucranianos em que detalharam os seus pedidos, pareceu-nos que este sistema em particular iria adequar-se àquilo de que precisam, sobretudo no leste da Ucrânia”.

Vincando não querer “entrar em grandes detalhes”, o porta-voz do Pentágono acrescentou apenas que se trata de um tipo de drone “pensado para operações tácticas, ou, por outras palavras, pensado em grande medida, ainda que não exclusivamente, para atacar alvos concretos”. A agência Reuters refere também que as características destes drones adaptam-se bem a terrenos planos, como o do Donbass — que terá algumas semelhanças com o tipo de terreno do estado norte-americano do Kansas.

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Sabem-se também mais algumas coisas sobre estes “Phoenix Ghosts”. Os drones foram desenvolvidos por uma empresa norte-americana com sede na Califórnia (também com escritórios nos estados da Carolina do Norte e Virgínia) chamada Aevex Aerospace, fundada em 2017 e com perto de 500 funcionários, detalhou entretanto o site norte-americano Politico.

Estes “The Phoenix Ghosts” terão também semelhanças com outros drones militares já enviados para a Ucrânia chamados Switchblade, refere o The Washington Post, que os descreve como “armas pequenas e precisas que carregam explosivos e que são capazes de atacar alvos de uma forma kamikaze”. Terão um peso de 25 quilos, segundo o Politico.

O The Washington Post indica também que o treino necessário para operar estes novos drones será “mínimo” para quem está habituado a operar este tipo de equipamento militar não tripulado. Alguns operadores de drones ucranianos, não muitos, terão mesmo tido treino nos Estados Unidos da América, segundo a Agência Reuters. O porta-voz do Pentágono, John Kirby, terá mesmo sido questionado esta quinta-feira sobre se os EUA providenciarão novo treino específico a operadores ucranianos para lidar com as características deste sistema aéreo não tripulado — mas preferiu não responder.

Ao Politico, um antigo tenente-general norte-americano chamado David Deptula, apresentado como “membro do conselho de administração” da empresa que desenvolveu estes “Phoenix Ghost” (a Aevex), deu novos detalhes: este tipo de drones pode voar durante mais de seis horas à procura de um alvo ou a tentar localizar esse alvo, podendo ser operado e utilizado de noite graças aos seus sensores infravermelhos. Aqui existirá uma grande diferença face aos drones Switchblade, já enviados para a Ucrânia, dado que estes não conseguem ultrapassar uma hora de voo na localização e procura de alvos de ataque.