O caso passou-se em 2017, mas só agora os detalhes da tragédia de Brian Temple — o rosto que se vê no tweet partilhado por um cibernauta — veio ao de cima. O Tribunal de Teesside, no Reino Unido, começou a ouvir esta segunda-feira os testemunhos que mostram como “um erro humano” da polícia levou o homem a suicidar-se.

Tudo começou quando Brian roubou rolinhos de salsicha da marca Greggs e foi detido pela polícia de Cleveland, revela o TeessideLive, que conta a história deste britânico. Libertado a 8 de junho de 2017, Temple não leu os documentos que lhe foram entregues pelas autoridades e deu-os à sua então namorada. Problema: os papéis diziam que era suspeito de incitar relações sexuais com uma jovem de 13 anos.

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A partir daí a sua vida virou um inferno. A companheira começou a espalhar as informações incorretas e, na sequência do boato, Brian sofreu abuso verbal e físico na rua — chegou a ser espancado com um taco de golfe na cabeça — e até foi atacado na própria casa.

E nem visitas dos agentes à casa de Temple — para verificar o estado deste, já que era ameaçado e agredido com regularidade — ajudaram. Pelo contrário, apenas alimentaram os rumores infundados.

Estando a ser vítima de vários ataques, o homem de Redcar, em Inglaterra, refugiou-se no álcool e nas drogas. E, seis meses após o alegado roubo dos snacks, tirou a própria vida na véspera de Ano Novo, em 2017, continua o TeessideLive.

Na audição recente no Tribunal de Teesside, a médica legista Claire Bailey abordou o relatório de toxicologia post mortem, que dava conta que Brian tinha 134 miligramas de álcool no sistema, assim como vestígios de cocaína, Diazepam, Pregablin, Zopiclone (ansiolíticos e medicação para dormir, respetivamente) — mas estas substâncias não causaram a morte.

O corpo de Temple, enforcado, foi descoberto pelo irmão Anthony após a família ficar preocupada por não ter notícias dele durante um dia.

Nas declarações lidas em tribunal, a mãe de Temple — que já morreu — caraterizou-o como alguém “feliz” e “sortudo” antes de culpar os documentos incorretos pela depressão que Temple enfrentou. O irmão Paul garantiu que ele nunca mostrou tendências suicidas, sublinhado que o erro de que Temple foi alvo “enlouqueceria qualquer um”.

A cunhada Crystal afirmou que os papéis errados foram encontrados no bolso no momento da morte. A polícia falhou com Temple no que Crystal acredita ser o “dever de cuidar” das pessoas vulneráveis, salientando que, quando Brian foi detido, tinha problemas de saúde mental.

Já Agar, da Polícia de Cleveland, disse tratar-se de um “erro humano genuíno”. Uma investigação do Independent Office for Police Conduct referiu que essa falha foi a principal causa deste desfecho trágico, descrevendo a situação como “incrivelmente incomum”.