Mário Ferreira, empresário que tem os cruzeiros fluviais do Douro e que ficou o principal acionista da TVI, escolheu o Linkedin para criticar as notícias sobre o financiamento do Banco de Fomento à sua empresa.

Conforme o Observador avançou, nos financiamentos a 12 empresas no âmbito do fundo de capitalização para fazer face à crise pandémica, a Pluris — do empresário que tem várias áreas de negócio entre as quais a comunicação social — ficou apta para receber 40 milhões de euros, de um total aprovado nesta fase de 77 milhões de euros, ou seja, mais de metade desse valor. O fundo tem no total 400 milhões de euros. O restante ainda não está selecionado. Mário Ferreira receberá 10% desse fundo gerido pelo Banco de Fomento.

Pluris de Mário Ferreira, dono da TVI, recebe a maior ajuda do fundo de capitalização do Banco de Fomento por causa da Covid

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O Banco de Fomento anunciou na sexta-feira a atribuição total às 12 empresas e só na segunda-feira informou sobre a repartição desses montantes, conforme noticiado pelo Observador.

O Público na terça-feira fez manchete com o assunto: “Pluris de Mário Ferreira recebe 52% dos apoios do PRR à recapitalização”, onde também se escrevia, na notícia, que eram 52% dos apoios já aprovados.

Mário Ferreira ataca essas notícias. “Fomos selecionados para receber esse empréstimo totalmente reembolsável e a pagar juros que iniciam com spread de 2,5% e vão até aos 9,5%, mais taxa Euribor”, escreve na mensagem do Linkedin cujo título é: “O Portugal dos pequeninos que despreza os empreendedores e enaltece os mangas de alpaca.”

Diz que esperava reconhecimento público pela empresa que preside ter passado “todos os testes do sistema bancário e dos financiamentos da União Europeia. Enganei-me” (…) “É ridículo ver a pequenez e malícia de alguns meios de comunicação sensacionalistas, com apoio da comentadora do costume, que quiseram tentar ou estão a tentar colar este financiamento a temas relacionados com a comunicação social e em particular ao Grupo Media Capital”.

Por isso diz que “para que não existam dúvidas, o grupo media capital é hoje o grupo mais bem capitalizado da indústria dos media em Portugal e felizmente não precisa, nem vai precisar de capital adicional, muito menos aceitará qualquer financiamento publico”, acrescentando que a Pluris tem mais de 40 empresas e “a participação na Media Capital é apenas uma, e das mais pequenas, e o grande sector onde a Pluris tem investimentos, como é sobejamente conhecido, no sector náutico, cruzeiros de rio e de mar em todo o mundo”.

Em maio de 2019, realizaram, segundo conta, um aumento de capital de 250 milhões de euros pela venda de 40% da área náutica a um fundo norte-americano. E revela outros números: a empresa investiu em Portugal, desde 2016, um total de 516 milhões de euros, “dos quais, com esforço, investiu 272 milhões no período Covid 2020, 2021 e 2022”.

A Pluris teve resultados negativos em 2020 e 2021, de 57 milhões de euros “e, mesmo assim, não parou de acreditar no futuro e de investir as suas poupanças e resultados passados”.

Na crise pandémica diz que não recorreu a moratórias nem se atrasou no pagamento aos bancos.

E conclui a mensagem atacando os órgãos de comunicação social, falando em “’jornalismo’ sensacionalista” que diz “obviamente não é fruto do acaso, mesmo que carregue pouca ou meia verdade e deturpe os factos, uns porque ainda não se conformaram e têm espírito de perseguição e vingança, outros porque são mesmo ignorantes na matéria e só repetem sem pensar ou perceber do que falam e ainda outros com vista a atacar e perseguir um outsider que ousou um dia, investir na comunicação social.”