A família de Archie Battersbee, a criança de 12 anos que estavam em morte cerebral, perdeu a batalha legal para evitar o desligar das máquinas. Depois de sucessivas decisões judiciais e recursos interpostos pela família, a máquina que mantinha os pulmões de Archie a funcionar foi mesmo desligada esta manhã. O coração parou definitivamente, segundo a família, este sábado às 12h15.

A notícia foi avançada à porta do hospital pela mãe, que salientou como Archie “lutou até ao fim”. “Tenho muito orgulho em ser mãe dele”, disse. Ella Carter, cunhada de Archie, explicou que os médicos pararam a medicação da criança às 10h00, sendo que Archie ainda ficou estável durante duas horas até lhe retirarem a máquina de ventilação. Foi então que “ficou completamente azul”. “Não há absolutamente nada dignificante em ver um familiar ou uma criança sufocar”, afirmou. E concluiu: “Esperamos que nenhuma família tenha de passar por aquilo que passámos. É bárbaro.”

O ventilador garantia que o oxigénio continuasse a entrar no organismo e o soro assegurava que os vasos sanguíneos se mantinham cheios. Estas eram condições suficientes para o coração, um órgão autónomo, continuasse a bater e mantivesse o corpo quente e rosado. Um vez desligada a máquina que fazia trabalhar os pulmões, o coração também parou.

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Desde 31 de maio que Archie Battersbee estava oficialmente em morte cerebral, depois de um incidente a 7 de abril do qual nunca recuperou a consciência. O rapaz ficou sem oxigénio no cérebro durante um período indeterminado e o órgão morreu. O tronco cerebral, que faz a comunicação entre o cérebro e o organismo, deixou de funcionar de forma irreversível. Archie estava morto em termos biológicos e legais – tal como haviam verificado os médicos e confirmado os juízes.

Os últimos meses têm sido marcados por uma batalha legal entre a família, que queria manter as máquinas ligadas na esperança de que o filho recuperasse, e a Justiça britânica, cujas decisões foram ao encontro dos pareces dos médicos. Em morte cerebral, a recuperação seria impossível. Caso diferente seria se o rapaz estivesse em coma ou em estado vegetativo persistente.

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A mãe, por outro lado, assegura ter visto sinais de vida no filho: diz que Archie lhe apertou a mão, que o viu tentar respirar voluntariamente e que a criança ganhou 400 gramas durante este meses. Mas os médicos mantiveram que as lesões de Archie eram irrecuperáveis. O coração do menino bateu pela última vez este sábado.

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Correção: texto corrigido relativamente à morte de Archie. A família adiantou que a criança morreu a 6 de agosto às 12h15, mas para a equipa médica e o tribunal o menino estava em morte cerebral (e, portanto, oficialmente morto) desde 31 de maio.