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Reclamações de soldados russos e dos seus familiares que chegaram Ministério Público militar da Rússia por email revelaram que estes  foram “enganados” para se juntarem à guerra na Ucrânia, avança a edição russa do The Insider, que teve acesso a essas mensagens.

Os emails dão conta de “recrutas atirados para zonas de combate por engano ou coerção, soldados que não recebem comida normal e tratamento médico, soldados contratados que violam as regras e regulamentos para serem removidos do serviço” e ainda pais e familiares que “não conseguem ter acesso a informação sobre os seus filhos feitos prisioneiros ou mortos em combate“, pode ler-se na publicação de Eliot Higgings, jornalista inglês que fundou o Bellingcat. Este grupo de jornalismo de investigação verificou as mensagens de correio eletrónico juntamente com o The Insider.

A investigação conclui que este tipo de coerção e engano será prática generalizada. Num dos emails a que teve acesso, um soldado relatou que, enquanto estava em exercícios militares num navio de guerra na costa da Síria, foi levado para a Ucrânia. “Ninguém me perguntou se queria participar na operação militar especial [termo usado pelo Kremlin para se referir à guerra]”, revelou, acrescentando que o seu comandante recusou a sua carta de demissão. “Perdi todos os meus amigos a lutar e estou muito deprimido. Tenho 21 anos e quero muito viver.”

A mãe de outro soldado relatou, por email, ao Ministério Público que o filho tinha sido forçado a ir para a linha da frente, apesar de ser recruta — Vladimir Putin havia anunciado que os recrutas não deveriam ser chamados para a frente de guerra. “Continue a ver TV”, disseram-lhe, numa suposta alusão à propaganda transmitida na televisão estatal russa.

Os emails revelaram também o desespero de familiares em busca de resposta em relação a soldados desaparecidos. A namorada de um deles terá enviado uma reclamação ao Ministério Público militar russo, pedindo ajuda para procurar o namorado desaparecido, revelando a suspeita de que este possa ter sido feito prisioneiro — apesar de alegados restos mortais carbonizados, encontrados junto a Kiev, terem identificado o soldado. Segundo o mesmo email, os pais não quiseram partilhar os documentos com amostras de ADN, por, supostamente, estarem contentes com a compensação monetária recebida pela morte do soldado em combate. “Não fazemos ideia de quem é que enterrámos”, diz o email.

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