O Papa Francisco vai tomar uma decisão sobre a demissão do cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, nos próximos dois meses. De acordo com responsáveis do Patriarcado ouvidos pelo 7Margens, o objetivo é que a saída, a concretizar-se, aconteça o mais rapidamente possível, de maneira a que o sucessor consiga acompanhar a preparação da Jornada Mundial da Juventude, que se realizará em Lisboa em agosto de 2023.

D. Manuel Clemente esteve reunido com o Papa Francisco a 5 de agosto, sendo que no encontro o cardeal patriarca mostrou-se disponível para sair. No entanto, a decisão caberá ao responsável máximo da Igreja Católica, que deverá aproveitar o consistório (um encontro que conta com a presença de todos os cardeais, que assistem o Papa nas suas deliberações) para tomar um veredito final sobre o assunto.

D. Manuel Clemente mostrou-se disponível para renunciar caso fosse esse o entendimento do Papa

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O cardeal Clemente, apurou o 7Margens, sente-se animicamente desmoralizado, após as notícias sobre casos de abusos sexuais no seio da Igreja que vieram a público recentemente, uma das quais publicadas pelo Observador que divulgou que D. Manuel Clemente teve conhecimento de um caso de um padre no ativo e que não o denunciou à polícia.

Aliás, de acordo com o mesmo órgão, na diocese de Lisboa há quem interprete que D. Manuel Clemente estaria disposto a deixar imediatamente o cargo, mas terá sido por insistência do Papa que se manteve à frente do Patriarcado, pelo menos temporariamente.

Na última semana, o conselho presbiteral do Patriarcado de Lisboa, organismo colegial que representa os padres da diocese, publicou uma nota, em que defendia D. Manuel Clemente. Ao 7Margens, padre José Miguel Pereira, um dos autores do texto, disse que a “nota nasceu de forma espontânea”. “Pensámos que era importante manifestar publicamente que o patriarca estava a ser um pouco maltratado, no sentido de lhe serem pedidas responsabilidades, de certo modo anacrónicas.”

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