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A UNITA não esteve no sábado à noite no velório de José Eduardo dos Santos na mansão de Miramar e prepara-se para ficar ausente do funeral do ex-Chefe de Estado “se for um funeral político”. Nelito Ekuikui diz que o seu partido estará presente se for uma cerimónia realizado pela família, com a participação do Estado”.

O secretário provincial de Luanda da UNITA argumenta que “a tentativa de politizar o óbito do ex-Presidente numa coincidência de datas num clima de eleições é alguma coisa que não está bem aqui explicada”. O corpo de José Eduardo dos Santos chegou no sábado, no dia em que o MPLA fazia, em Luanda, o seu último comício, em que João Lourenço não disse uma palavra sobre o assunto.

“O que se pretende com a politização da vinda do corpo e um aproveitamento político não se vai consolidar, pelo contrário, o governo está exposto na medida em que tratou mal o ex-chefe de Estado com todos os erros que cometeu, e foram muitos, mas ainda assim merecia mais dignidade”, respondeu o deputado d UNITA aos jornalistas quando questionado no final do culto ecuménico a favor da paz promovido por várias igrejas cristãs.

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Nelito Ekuikui não gostou da “forma como Eduardo dos Santos veio, não teve honras militares, quando foi o comandante em Chefe das Forças Armadas a liderar o país em 38 anos”. E avisou que “fazer às pressas para tirar proveito político não foi justo e o tempo vai provar que sim”.

No mesmo sentido se manifestaram as filhas Isabel e “Tchizé” dos Santos nas redes sociais, criticando a forma com o caixão com o pai foi recebido.  

“Zédu, meu pai, meu Presidente”. Centenas de angolanos saem à rua para receber corpo de José Eduardo dos Santos

Quando a jornalista da agência Lusa recordou que a UNITA não esteve nas exéquias fúnebres abertas pelo governo assim que José Eduardo dos Santos morreu, a 8 de julho, porque não tinha o corpo presente e lhe perguntou se desta vez iria participar, Nelito Ukuikui disse que não:

“Vai continuar a ser uma agenda política e não uma agenda familiar e humanitária, a UNITA continuará a não estar presente, garantidamente”.

Mas quando questionado se Ana Paula e os filhos que teve com José Eduardo dos Santos não são família limitou-se a dizer “não sei” para logo de seguida frisar que a “UNITA não se vai distrair com este processo. Existe uma Angola, existe um futuro a construir e erros do passado têm de ser corrigidos e para isso é preciso a participação dos angolanos, não podemos distrair-nos com o passado nem com coisas que já não são assunto”.

A chegada dos restos mortais do ex-Presidente angolano no sábado à noite a Luanda acabou com o braço de ferro que Ana Paula dos Santos e os três filhos, bem como a irmã de José Eduardo dos Santos, Marta, apoiados pelo governo e os outros cinco filhos que não queriam que o corpo viesse para Angola (“Tchizé”) ou só viesse mediante algumas condições (Isabel, Joess, Zénu e Coréon Dú).

UNITA apela à igreja para não “intervir profundamente na agenda dos partidos políticos”

A UNITA gostou particularmente de ouvir a mensagem do bispo André Sousa, que fez uma oração pelas forças de segurança e defesa, durante o culto ecuménico que juntou mais de 30 mil pessoas no Estádio de futebol 11 de novembro, em Luanda.

Na presença de praticamente todo o governo angolano, e de dois candidatos às eleições de dia 24, João Lourenço do MPLA e Manuel Fernandes da CASA-CE, o clérigo católico pediu que fizessem a defesa do cidadão nacional “e que não sejam usados nem para perturbar nem para fazer nada aos cidadãos”. Exortou a que cumprissem “a sua missão da defesa” de Angola e não deixou os dirigentes de fora: devem incentivar os militares e a polícia a defenderem todos.

Estas palavras foram bem acolhidas por Nelito Ekuikui, que estava a representar a direção da UNITA, pois Adalberto Costa Júnior não esteve presente.

“Tocou-me a mensagem dirigida às forças armadas, a igreja pediu que protegessem a população porque foram criadas para proteger o cidadão, garantir a ordem e a tranquilidade”, disse aos jornalistas. E decidiu juntar a sua voz à de André Sousa: “Por isso apelamos também à polícia nacional, no dia 24, no sentido de proteger o cidadão numa primeira fase, porque ele está em paz, com a sua lapiseira para ir votar apenas”, referiu, não deixando de dizer que também tomou “boa nota da mensagem da paz”.

Mas Nelito já não secundou um outro apelo, feito pelo reverendo António Mussaqui, da Igreja Evangélica de Angola, que pediu para ninguém se sentar nas assembleias de voto.

Nelito Ekuikui disse que a UNITA tomou boa nota, mas continuará com a sua agenda, mantendo o seu apelo do “votou, sentou”, pedindo aos eleitores para “ficarem num perímetro de 500 metros” da assembleia de voto depois de colocarem o boletim na urna para acompanharem o processo eleitoral de uma forma geral”.

E acabou por fazer um pedido: “Se a igreja prima pela verdade então está interessada na transparência por isso apelamos à igreja para não intervir profundamente na agenda dos partidos políticos, porque estes estão interessados num processo justo, livre e credível”.