Luís Marques Mendes entende que os comunistas devem estar “eternamente grato a Jerónimo de Sousa”, um líder que “adiou a queda do PCP” e conseguiu evitar um fim idêntico à quase totalidade dos seus homólogos europeus. “Foi Jerónimo de Sousa que adiou a queda do PCP. Tem uma dívida eterna de gratidão a Jerónimo de Sousa”, afirmou o antigo líder social-democrata.

No seu habitual espaço de comentário, na SIC, Marques Mendes argumentou, no entanto, que Paulo Raimundo, o sucessor de Jerónimo de Sousa, pouco ou nada conseguirá fazer para inverter o definhamento do partido. “Vai mudar alguma coisa? Não.”

Ouça aqui o que pode mudar no PCP com a saída de Jerónimo de Sousa do partido

O que muda no PCP?

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“Primeiro, porque no PCP o coletivo manda mais que o líder; depois, porque Paulo Raimundo, do que se conhece, é ligado à ortodoxia do PCP; terceiro, porque o PCP já chegou a uma fase em que já não tem alternativa: se muda de orientação, descaracteriza-se e perde; se mantém a orientação, vai agravar o seu envelhecimento. Não tem alternativa e caminha para a irrelevância. O PCP perdeu o tempo em que podia mudar”, enumerou.

O comentador acredita ainda que os comunistas cometeram três erros no passado recente de que dificilmente poderão recuperar: o papel desempenhado na ‘geringonça’, que acabou por penalizar o partido; o chumbo do último Orçamento do Estado, que não foi compreendido pela generalidade dos eleitores; e a posição assumida sobre a guerra na Ucrânia. “São três erros brutais. Foi fatal”, sugeriu Marques Mendes.

“Nenhuma explicação de Miguel Alves é convincente”

Noutra frente, o antigo presidente do PSD apontou baterias a Miguel Alves, ex-presidente da Câmara de Caminha e secretário de Estado adjunto de António Costa, que foi notícia depois de terem sido revelados os contornos do contrato celebrado entre autarquia e uma empresa de construção e a condição de arguido de Miguel Alves em dois processos pendentes.

Para Mendes, existem várias coisas erradas nestes dois casos. “Em primeiro lugar, resolveu vir agora falar. E só falou porque foi pressionado. E logo com uma mentira completamente esfarrapada, dizendo que quis falar com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Mentira pegada. Ele mandou uma carta a dizer que estava disponível para ser ouvido.”

Depois, referindo-se à entrevista que Miguel Alves deu este domingo ao JN e à TSF, Marques Mendes criticou as explicações (ou falta delas) do autarca. “A entrevista é um horror. Não tem nenhuma explicação convincente. Não consegue explicar que 300 mil da Câmara já estão no bolso do empresário mas a obra está toda no papel. Se fosse gestor numa empresa privada, já estava despedido. No mínimo, foi descuidado e negligente”, sublinhou Mendes, antes de acrescentar: “Escusa de fazer-se de vítima”.

A terminar, o comentador criticou ainda António Costa por ter decidido convidar para o Governo alguém que é arguido em dois processos, como revelou o Observador. Recordando que, à boleia do processo “Galpgate”, houve três secretários de Estado que apresentaram a demissão, Marques Mendes colocou em causa o duplo critério do primeiro-ministro. “Manifestamente, a coerência não é o ponte mais forte destes governantes”, rematou o comentador.

Miguel Alves. Secretário de Estado adjunto de António Costa afinal é arguido não em um, mas em dois processos