Uma, duas, cinco, dez, 100, 1.000. Mais ao longe, mais de perto, panorâmica, ao detalhe. São inúmeras as imagens do Estádio Lusail Iconic, o ex libris do Mundial do Qatar que vai receber a final a 19 de dezembro. Contudo, há um par de imagens de destoam de tudo o resto. Não estão bem localizadas no complexo em si mas num dos acessos ao recinto. Também são milhares mas de fotografias tipo passe de todos os trabalhadores migrantes que por ali passaram ao longo de mais de cinco anos de construção não só deste elegante e imponente monstro com capacidade para 80.000 pessoas mas de tudo o que o rodeia. E é ali, naquela longa parede, que está também um dos pontos de discórdia desta competição, com investigações de jornais e da Amnistia Internacional a darem conta de milhares de mortos nas obras feitas agora no país.

Nas contas do The Guardian, em fevereiro do ano passado estavam contabilizados óbitos numa média de 12 por dia desde janeiro… de 2011, apenas um mês depois da atribuição do Mundial pela FIFA ao Qatar. Os organizadores recusam por completo esses dados e preferem olhar para aquele que ficou como produto final – e que, antes dos dez jogos do Mundial, vai receber por exemplo o Bollywood Music Festival.

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Com um design futurista mas ao mesmo tempo racional, que vai permitir uma redução de 80.000 para 40.000 ou 20.000 lugares após a realização do Campeonato, o Lusail Iconic tem como inspiração os jogos de luz e sombra da tradicional e local lanterna fanar ao mesmo tempo que aproveita a arte e artesanato do mundo árabe para sustentar a fachada. O projeto supervisionado pelo Conselho Superior de Organização e Sustentabilidade do Qatar está também assente em práticas sustentáveis e de reciclagem. Por exemplo, o recinto consegue poupar 40% da água normal que depois é distribuída pelos espaços verdes que estão e estarão mais à sua volta, além de ter uma cobertura que evita as poeiras e aumenta a refrigeração.

O estádio, situado a 20 quilómetros a norte de Doha, está numa nova cidade em construção, que começou a ter os seus primeiros projetos em 2005 e que a seguir ao Mundial espera albergar cerca de 200.000 pessoas residentes, 170.000 trabalhadores e 80.000 turistas. Nessa zona do recinto irão nascer depois escolas, clínicas, instalações desportivas, lojas de comércio, restaurantes e cafés, num plano até 2030. A construção esteve a cargo da HBK Contracting e da China Railway Construction Corporation, com todo o projeto e desenho do recinto a ser feito pelos britânicos da Foster + Partners e Populous.

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