A Reserva Federal dos EUA aumentou as taxas de juro em mais 50 pontos-base (meio ponto percentual), uma subida que, porém, traduz uma desaceleração após quatro subidas consecutivas de 75 pontos-base. A decisão eleva as taxas de juro para o nível mais elevado desde 2007 – e o banco central não vai ficar por aqui.

Com este novo aumento dos juros, decidido esta quarta-feira, o banco central norte-americano eleva as taxas de juro para um intervalo entre 4,25% e 4,5% – e a expectativa é que chegue aos 5,1% no final do próximo ano, de acordo com a mediana calculada a partir das estimativas dos vários responsáveis da Reserva Federal.

Na última reunião da Fed, no início de novembro, a mesma mediana apontava para uma taxa mediana de 4,6%, o que indica que o banco central está a apontar para que as taxas de juro subam mais do que o previsto – e se mantenham elevadas por mais tempo. Essa indicação está a fazer as bolsas norte-americanas dissipar por completo os ganhos da primeira parte da sessão e passar para o “vermelho”.

As bolsas têm tido alguma recuperação, graças a algumas leituras animadoras relativas à inflação que saíram nas últimas semanas. Porém, na conferência de imprensa, o presidente da Fed Jerome Powell disse que embora os dados que apontam para uma moderação da subida dos preços sejam “bem-vindos, será necessário bastantes mais evidências para ter confiança” de que a inflação caminha mesmo para o objetivo de 2%.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os mesmos responsáveis apontam para um crescimento económico de 0,5% em 2023, também de acordo com a previsão mediana. Powell reconheceu que o combate à inflação provavelmente levará a um período de “crescimento abaixo da média” e “algum enfraquecimento do mercado de trabalho”, que continua “extremamente” robusto. Em 2024, a Reserva Federal prevê uma aceleração do crescimento económico para 1,6%, com uma taxa de desemprego de 4,6% tanto em 2023 como em 2024.

Vamos manter o rumo até que a missão esteja cumprida“, garantiu Jerome Powell, numa referência ao controlo do ritmo de subida dos preços na economia norte-americana. De acordo com os dados mais recentes, os EUA estão com uma inflação homóloga que, apesar da redução recente, ainda está acima de 7%, mais de três vezes o objetivo do banco central.

Juros. Bancos centrais levantam o pé do acelerador mas garantem que inflação ainda é inimigo público n.º 1

A expectativa (mediana) entre os membros do Comité de Operações no Mercado Aberto (FOMC, na sigla original) pressupõe que as taxas de juro ainda vão subir mais do que meio ponto percentual, face aos atuais 4,5%. Mas vários analistas acreditam que a Fed acabará por não subir as taxas de juro além dos 5% – por exemplo, com uma subida de 25 pontos-base em fevereiro e mais 25 pontos na reunião seguinte.

Os analistas do Commerzbank acreditam que o banco central norte-americano não irá ultrapassar os 5%. “Antecipamos que a Fed ainda irá subir as taxas de juro mais 50 pontos, o que é ligeiramente menos do que é indicado pela projeção (mediana)” que hoje foi atualizada – 5,1%. Subjacente à previsão do banco alemão está uma expectativa de que, à medida que a economia norte-americana enfraquece mais do a Fed estará neste momento a prever, as subidas de taxa de juro vão ser interrompidas. “Nós antecipamos uma recessão nos EUA, ao passo que a Fed apenas está a prever um crescimento baixo [0,5%] em 2023“, explica o Commerzbank.