A diocese do Algarve recebeu da Comissão Independente uma lista com dois nomes de sacerdotes que alegadamente cometeram abusos sexuais. Em comunicado, diz que já tinha conhecimento desde outubro de 2021 de um dos casos, indicando que “desencadeou imediatamente a investigação prévia, com informação ao Ministério Público”. O resultado foi enviado para a Santa Sé, “a qual, após a análise do processo, indicou que o mesmo devia ser arquivado”.

Fonte da diocese confirmou ao Observador que o nome referido nesta lista feita pela Comissão é o mesmo que foi noticiado em novembro de 2021. Na altura, a diocese indicou que estava a investigar um alegado caso de abuso ocorrido em Faro há mais de 30 anos, cometido por um sacerdote.

Igreja investiga suspeita de abusos de menores por padre no Algarve há mais de 30 anos. Diocese informou Ministério Público

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Já em relação ao segundo nome da lista, a diocese do Algarve indica que “não corresponde a nenhum sacerdote incardinado” e que “nem se encontra nos arquivos diocesanos alguma referência a seu respeito.” Desta forma, D. Manuel Quintas, o Bispo do Algarve, já informou a Comissão Independente dessa situação, “ficando a aguardar uma informação adicional sobre este assunto.”

O Bispo do Algarve convocou para esta quinta-feira “todo o clero da diocese para uma assembleia geral”, destinada a estudar “medidas para prevenir a possibilidade de ocorrência de abusos no futuro, quer envolvendo menores, quer adultos vulneráveis, a partir da legislação civil e canónica em vigor”. Em comunicado, é explicado que se pretende “alargar esta ação de formação a todos os agentes diocesanos de pastoral”.

Bispo de Santarém diz que não recebeu “nenhum envelope” com nomes

Já o Bispo de Santarém indica, através de comunicado, que “não lhe foi entregue nenhum envelope com nomes de sacerdotes abusadores a investigar” na Assembleia Plenária do CEP, que decorreu na passada sexta-feira.

Na nota, é lembrado que a área geográfica da diocese de Santarém corresponde apenas a 13 municípios dos 21 que constituem o distrito de Santarém. E, além disso, é recordado que a diocese foi criada em 1975 e o relatório da Comissão inclui um horizonte temporal maior, de 72 anos, investigando abusos desde 1950.

“O Bispo de Santarém e a Comissão Diocesana de Proteção de Menores continuam disponíveis para escutar todas as pessoas que tenham motivo de denúncia de abusos ou comportamentos inadequados no seio da Igreja Diocesana e tudo farão para assegurar um ambiente seguro para as crianças e para todos”, é referido no mesmo comunicado.

Na diocese de Santarém é conhecido um caso na Golegã, em que um padre foi condenado por abuso sexual. O tribunal de Santarém condenou o padre António Júlio dos Santos em 2015 a 14 meses de prisão, com pena suspensa.

Ministério Público pensou acusar a hierarquia da Igreja por não ter denunciado padre

Neste momento, há já sacerdotes afastados por suspeitas de abuso. Em Angra e em Évora, os respetivos Bispos afastaram das suas dioceses os padres que constam da lista que foi entregue à Igreja Católica pela comissão independente.

Bispos de Angra e Évora afastam padres incluídos na lista de alegados abusadores entregue pela comissão independente