Donald Trump diz que figuras mundias como Oprah Winfrey, Isabel II, Hillary Clinton, Barack Obama ou Clint Eastwood lhe “lambiam as botas“. Numa antecipação ao lançamento de “Letters to Trump” (“Cartas a Trump, em português) — um livro que contém a correspondência do antigo Presidente com várias das mais influentes figuras mundiais ao longo dos anos — Trump deu uma entrevista ao site Breitbart News, em que prometeu um acesso inédito à sua “vida muito fascinante”.

De acordo com o The Guardian, o livro, que será lançado no próximo mês, contém cerca de 150 cartas enviadas a Trump por inúmera s figuras influentes da política, da cultura e da sociedade das últimas décadas, bem como correspondência trocada entre Trump e vários líderes mundiais durante o seu mandato, de 2016 a 2020. Estas incluem cartas de líderes como o Presidente chinês Xi Jinping, o líder norte-coreano Kim Jong-un e o ex-chefe de Estado do Brasil, Jair Bolsonaro (que esteve recentemente com Trump numa conferência conservadora nos EUA).

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Conhecia-os a todos, e todos me lambiam as botas [tradução livre de kissed my ass] , e agora tenho apenas metade deles a lamber-me as botas”, afirmou o antigo Presidente dos Estados Unidos da América, numa entrevista dada à agência de notícias Breitbat News.

À mesma agência de notícias, o filho de Trump, Donald Trump Jr, afirmou que “é espantoso a rapidez com que a sua adoração por ele [Donald Trump] mudou quando se candidatou a Presidente como republicano”.

Cartas para Trump mostra exatamente como eles se sentiram em relação a ele e quão hipócrita o seu recente desdém é verdadeiramente”, afirmou ainda Donald Trump Jr.

À agência de notícias Breitbart, Trump mostrou uma carta que recebeu de John F. Kennedy Jr, que morreu num acidente de aviação em 1999. Na carta, o então publisher de uma revista agradeceu a Trump por ter visitado o seu gabinete, onde discutiram temas como “política, Nova Iorque, homens e mulheres”.

Acredito que John F. Kennedy Jr. poderia ter-se candidatado para o Senado e que seria Presidente um dia”, contou Trump. “Era um homem bonito, e era um tipo fantástico. Tinha o fator ‘especial’ e iria até ao topo do mundo na família Kennedy.”

Numa outra carta, de início dos anos 2000, Oprah Winfrey terá mostrado o seu descontentamento por não vir a ser a vice-Presidente de Trump, ideia primeiramente lançada pelo milionário na altura. “Que tristeza não nos candidatarmos à Casa Branca. Que equipa!”

“Infelizmente, quando anunciei a minha candidatura a Presidente em 2015, ela [Oprah] nunca mais falou comigo“, afirmou Donald Trump.´

Winfrey, entretanto, já respondeu à revelação da carta. Durante uma entrevista ao programa matinal CBS This Morning, da televisão norte-americana, a apresentadora de 69 anos explicou que se tratou de uma cortesia a Trump e que, quaisquer que fossem as suas intenções na altura, não se revê nas declarações atualmente.

Acho que ele tinha escrito um livro em que dizia que queria que eu fosse a vice-Presidente dele, se decidisse concorrer. (…) E eu sou do género de pessoa que pensa, ‘devia escrever uma carta. Esta pessoa fez isto, por isso devia retribuir’. (…) Podia tê-lo pensado na altura. Há 23 anos atrás podia ter achado que sim. Agora não penso isso”, justificou Winfrey.

Interessados no livro devem estar preparados a pagar bastante caro por ele: Letters to Trump terá um custo de 99 dólares (cerca de 93 euros) por uma cópia não assinada, e 399 dólares (377 euros) por uma versão com a assinatura do empresário. A publicação está a cargo da Winning Team Publishing, uma editora de cariz conservador, fundada em 2021 por Donald Trump Jr. e por Sergio Gor, consultor político e um dos principais dadores da campanha do ex-Presidente, com ligações à família Trump e a Jair Bolsonaro.