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Ao longo do último ano as tropas ucranianas tiveram de se adaptar rapidamente a manobrar os equipamentos militares modernos que os aliados ocidentais enviaram. Mas entre sistemas de mísseis e tanques que lhe chegavam às mãos, distinguir o armamento amigo do inimigo pode ser um desafio. Numa aparente tentativa de ajudar no conflito, o exército dos Estados Unidos criou uma ferramenta de apoio invulgar: um baralho de cartas.

São 52 cartas que retratam armamentos de diferentes países da NATO, entre tanques, veículos blindados, artilharia e outros sistemas de armas, noticia o New York Times. Cada carta inclui uma fotografia do armamento e nomenclatura, bem como o nome do país em que foi produzido, os destinos de exportação e as características do equipamento.

A estratégia não é nova. Remonta, na verdade, à Segunda Guerra Mundial e servia para ajudar as forças norte-americanas a distinguir os aviões dos aliados dos inimigos. Em edições anteriores, o Pentágono já produziu cartas para familiarizar as suas forças com equipamentos produzidos na Rússia, na China e no Irão.

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Um dos baralhos mais recentes foi produzido em 2003 para ajudar os soldados a identificar e deter alguns dos fugitivos iraquianos mais procurados pelo governo norte-americano. Entre eles figurava Saddam Hussein, como o “Ás de espadas”.

A execução “simbólica” de Saddam foi há 15 anos: “Deu-lhe a dignidade que nunca teve em vida”

Num comunicado citado pelo New York Times, o porta-voz do Comando de Treino e Doutrina do exército dos EUA refere que o propósito do novo baralho é permitir aos soldados “identificar equipamento do inimigo e distinguir do equipamento das forças amigas”.

O major Harshbarger Harshbarger não foi claro sobre se o objetivo é ajudar os ucranianos no combate à invasão russa, explicando apenas que se foca nos “equipamentos da NATO que se proliferaram por países fora da NATO”. No entanto, fontes ouvidas pelo New York Times indicaram que o baralho será disponibilizado às tropas norte-americanas, ucranianas e dos Estados-membros da NATO.

A maior parte das armas retratadas já foi enviada para a Ucrânia ao longo do último ano ou está a ser usada nos treinos das tropas ucranianas, enquanto alguns equipamentos são ainda tema de discussão entre os aliados da NATO. Outros, cujo envio ainda está a ser considerado, podem ter sido revelados pela presença no baralho, nomeadamente os helicóptero UH-60 Black Hawk norte-americanos — estão na posse dos serviços de informação militares ucranianos — ou os tanques de batalha franceses Leclercs, que a França não se mostrou disposta a fornecer.

No novo baralho estão representados principalmente sistemas norte-americanos, como os veículos de combate Bradley (“rainha de corações”), os tanques Abrams M1 (“rei de paus”), os veículos blindados M113 (“ás de espadas”) ou os sistemas M142 Himars. Mas também aparecem equipamentos de outros países, como os Caesar howitzer franceses (“dois de corações”) ou os lançadores de mísseis Stinger (joker), produzido não só pelos EUA, mas também pela Alemanha e Turquia.

As cartas vão ser impressas ao longo do próximo mês e deverão ser especialmente úteis aos ucranianos que receberam ao longo do último ano uma panóplia de novos sistemas modernos.

[Já saiu: pode ouvir aqui o terceiro episódio da série em podcast “O Sargento na Cela 7”. E ouça aqui o primeiro episódio e aqui o segundo episódio. É a história de António Lobato, o português que mais tempo esteve preso na guerra em África.]