O parlamento aprovou esta quinta-feira por unanimidade um voto de pesar pela morte do divulgador de jazz José Duarte, aos 84 anos, qualificando-o como “um combatente contra o obscurantismo” da ditadura e um cidadão empenhado numa sociedade justa e igualitária.

No voto de pesar, apresentado por PS, PCP e Bloco de Esquerda, os deputados salientam que José Duarte nasceu em Lisboa em 1938 e “cedo descobriu que [o jazz] seria a sua paixão, uma música considerada subversiva pela ditadura“.

Morreu José Duarte, um dos maiores divulgadores de jazz em Portugal

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Em 1958, fundou, com Raúl Calado, o Clube Universitário de Jazz de Lisboa, tendo também iniciado, na Rádio Universidade, o programa “Jazz Esse Desconhecido”.

“O seu programa ‘Cinco Minutos de Jazz’, que arrancou em 1966 na Rádio Renascença e que permanecia na Antena 1 desde 1993, era o programa mais antigo da rádio portuguesa e fez o jazz entrar na casa dos portugueses, que aprenderam a amar a música que José Duarte considerava ser a mais bela arte inventada no século XX”, sublinham os deputados no voto de pesar.

Além deste programa, os deputados destacam que José Duarte também protagonizou “outros programas icónicos da rádio”, como “Pão com Manteiga”, “Jazz com Brancas”, “A Menina Dança?”, “À Volta da Meia-Noite” e “Abandajazz”.

“Na televisão foi responsável por programas como ‘Outras Músicas’ e ‘Jazz a Preto e Branco’. Presença assídua na imprensa, foi fundador e diretor da revista ‘O Papel do Jazz’. Foi, também, o responsável pelo primeiro LP de jazz gravado ao vivo em Portugal com músicos estrangeiros, ‘Estilhaços’ de Steve Lacy, em 1972”, adianta o documento.

No texto, refere-se ainda que José Duarte foi autor de vários livros sobre jazz, múltiplas conferências, as “biodiscografias dos músicos portugueses no New Grove Dictionary of Jazz” e professor auxiliar convidado na Universidade de Aveiro e respetivo Centro de Estudos de Jazz.

Os deputados frisam ainda que o divulgador de jazz foi condecorado, em 2009, pelo Presidente da República como Grande Oficial da Ordem de Mérito, tendo também sido galardoado com a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura, a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores, e a Medalha Municipal de Mérito-Ouro da Câmara Municipal de Lisboa.

“Consciente da importância da música na luta pela liberdade, José Duarte, enquanto homem de cultura, foi um combatente contra o obscurantismo imposto pela ditadura fascista e foi, em democracia, um cidadão empenhado na construção de uma sociedade mais justa e solidária”, lê-se.

No voto de pesar, o parlamento expressa uma “homenagem à memória de José Duarte e ao seu percurso e legado na divulgação do jazz em Portugal, dirigindo aos seus familiares e amigos as suas mais sentidas condolências”.

Após a leitura deste voto de pesar, o parlamento prestou um minuto de silêncio, estando familiares de José Duarte presentes nas galerias.

José Duarte morreu na madrugada da passada quinta-feira.