“A casa dos horrores”. É assim que os meios de comunicação sociais espanhóis descrevem as condições em que viviam oito menores (com idades compreendidas entre os 4 e os 14) numa moradia em Colmenar Viejo, na região espanhola de Madrid. A polícia deteve, no final de março, um médico de 45 anos e a mulher, de 44, que aplicavam castigos severos aos filhos, que estavam “subnutridos” e viviam numa casa “totalmente insalubre”.  

Segundo o jornal El Mundo, era frequente o pai bater nos filhos com um cinto. Para que os professores não notassem as marcas de agressões, o progenitor, que era médico, emitia e assinava as justificações médicas — que permitiam que os menores ficassem em casa e não fossem à escola.

Não era o único castigo. O jornal Correo ouviu uma fonte próxima da família que contava que, quando o “pai se zangava”, metia os oito menores “numa cave” e permaneciam naquela divisão “durante horas”. Eram as filhas mais velhas quem acabavam por tomar conta dos mais novos. Nas noites de inverno, o homem de 45 anos deixava os menores no pátio como castigo.

Os oito menores habitavam apenas numa divisão com vários beliches. Quando entraram na casa no passado dia 29 de março, as autoridades depararam-se com condições sanitárias degradantes nesse quarto, na sala, na cozinha e nas casas de banho. “Um estado de insalubridade em todas as divisões”, escreve o El Mundo, que ressalva que a única divisão que estava limpa era o escritório do homem de 45 anos.

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Os vizinhos relatam aos órgãos de comunicações sociais espanhóis que ouviam frequentemente “gritos” e “choro” e já tinham sinalizado as autoridades para o barulho. No entanto, a polícia apenas pedia a que o casal não fizesse ruído, nunca avançando para uma investigação. Foi apenas quando a filha mais velha, de 14 anos, denunciou os maus tratos que o caso começou a ser investigado.

Durante as buscas na casa, as autoridades também ficaram surpreendidas pela quantidade de equipamentos médicos (como batas) ou equipamentos de proteção (como luvas e máscaras) que encontraram. “São milhares de unidades”, descreveu uma fonte próxima ao processo ao El Mundo, suspeitando-se que o homem de 45 anos as tenha roubado do local de trabalho, que já foi informado do sucedido.

Após ser detido, o homem foi acusado de maus tratos, abandono dos direitos e deveres familiares, obstrução da justiça e violência de género. Apesar de a mulher também ser acusada de tratar os filhos de forma “degradante” e “descuidada”, as autoridades apuraram que existe “vulnerabilidade” e declararam uma ordem de afastamento entre o casal.

Os oito menores estão agora num centro de acolhimento. Já os pais ficaram em liberdade condicional à espera de julgamento.

[Já saiu: pode ouvir aqui o quinto episódio da série em podcast “O Sargento na Cela 7”. E ouça aqui o primeiro episódio, aqui o segundo episódio, aqui o terceiro episódio e aqui o quarto episódio. É a história de António Lobato, o português que mais tempo esteve preso na guerra em África.]