Uma novela gráfica inspirada no Diário de Anne Frank foi retirada da biblioteca de uma escola secundária no estado norte-americano da Flórida depois de um grupo conservador ter reclamado que a obra era sexualmente explícita e que minimizava o Holocausto.

O Diário de Anne Frank — Diário Gráfico, com texto do argumentista e realizador Ari Folman e ilustrações de David Polonsky, foi publicado em 2017, ano em que assinalaram os 70 anos da publicação do diário pelo pai de Anne, Otto, o único membro da família Frank que sobreviveu ao Holocausto. O livro foi a primeira adaptação gráfica da história da jovem judia, que morreu em março de 1945, no campo de concentração de Bergen-Belsen, na Alemanha.

A novela gráfica foi retirada da biblioteca da escola secundária de Vero Beach, a 169 quilómetros da cidade de Orlando, no mês passado, após uma queixa apresentada pela líder do Moms for Liberty, uma organização conservadora sem fins lucrativos que defende os direitos parentais nas escolas, no condado de Indian River.

A capa da edição portuguesa de O Diário de Anne Frank, de Ari Folman e David Polonsky, publicada pela Porto Editora

Segundo a Fortune, Jennifer Pippin argumentou que, ao contrário da adaptação gráfica, o diário original não inclui as entradas sobre sexo e que o trabalho de Folman e Polonsky apresenta “um ponto de vista diferente” da história original. A líder do Moms for Liberty no condado de Indian River defendeu ainda que o livro viola os padrões de ensino e que não apresenta o Holocausto com precisão.

Em declarações à Fortune, a porta-voz da escola secundária, Cristen Maddux, garantiu que o livro foi verificado duas vezes antes de ter sido retirado por ordem da direção, que decide sobre estas matérias. Maddux esclareceu que a história do Holocausto não vai ser retirada do currículo escolar. “Trata-se apenas de um livro que foi questionado e que o diretor decidiu remover”, disse.

A Associação de Bibliotecas Americanas revelou no mês passado que, em 2022, foram censurados mais de 1.200 livros em bibliotecas nos Estados Unidos da América. Este é o número mais elevado dos últimos 20 anos, referiu a Fortune.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR