Marcelo Rebelo de Sousa ainda acredita que o Parlamento se pode aproximar das preocupações que expressou sobre o diploma que despenaliza a morte medicamente assistida e veio admitir que se os partidos o fizerem promulgará a lei. “Se ela for de encontro àquilo que proponho, não vejo razão para não promulgar”, garantiu.

Em declarações aos jornalistas, o Presidente da República explicou as reservas que já manifestara na mensagem que enviou para o Parlamento e que sustentam o seu veto político nesta matéria. Segundo Marcelo, uma vez que os pacientes só podem pedir a eutanásia se estiverem fisicamente incapacitados de recorrer ao suicídio medicamente assistido, importa clarificar quem reconhece e atesta a tal impossibilidade e, por outro lado, convém clarificar quem deve supervisionar o processo. Isto é, qual o médico que deve intervir numa e noutra situação.

Ora, os partidos que ajudaram a desenhar esta lei — PS, IL, BE e PAN — já garantiram que vão aprovar o diploma tal como ele foi desenhado, obrigando Marcelo Rebelo de Sousa a promulgá-lo. “É uma opção. Se Assembleia da República decidir confirmar, o Presidente é obrigado a promulgar. A Assembleia da República tem esse poder. Sem dramas”, reconheceu.

Com o recurso ao veto político, o Presidente da República abdicou de enviar o diploma para o Tribunal Constitucional, pedindo o pedido de fiscalização preventivo. Em declarações aos jornalistas, Marcelo explicou que não o fez por considerar que a lei, tal como está desenhada, não seria considerada inconstitucional pelos juízes do Palácio Ratton. “Não há nenhum problema de inconstitucionalidade, não levanto nenhum dos problemas que foram vistos pelo Tribunal Constitucional.”

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Ainda assim, o Chefe de Estado disse ter notado na reação dos vários partidos “alguma sensibilidade” para acolherem as suas sugestões, aumentando assim a pressão sobre a Assembleia da República. Caso não o façam, sugeriu Marcelo, tal vai “obrigar” a um regulamento da lei “mais pormenorizado”, o que implica uma engenharia jurídica mais complexa.

Partidos vão confirmar lei da eutanásia sem alterações pedidas por Marcelo. “Chegou a vez de respeitar vontade do Parlamento”