Os sérvios do norte do Kosovo envolveram-se novamente em confrontos com a polícia num edifício municipal que foi ocupado por albaneses, ajudados pelas autoridades locais, na semana passada.

Trata-se do último incidente que vem agravar as tensões que marcaram a semana passada e que levaram a Sérvia a colocar as Forças Armadas em estado de alerta e a enviar militares para a zona de fronteira com o Kosovo.

A polícia kosovar e membros da missão da NATO no Kosovo (Kosovo Force – KFOR) tomaram posições para protegerem edifícios públicos nos municípios de Zvecan, Leposavic, Zubin Potok e Motrovic, quatro localidades onde se realizaram eleições no mês passado.

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O ato eleitoral foi boicotado pelos sérvios do Kosovo que constituem a maioria nestas localidades e apenas os cidadãos de origem albanesa, em minoria nesta região do Kosovo, participaram.

De acordo com a polícia, os manifestantes sérvios juntaram-se ao início da manhã nas três localidades sendo que em Zvecan tentaram entrar de “forma violenta” no edifício municipal tendo sido impedidos pelas autoridades.

Os manifestantes sérvios exigem novos autarcas e consideram os albaneses eleitos “xerifes ilegais e ilegítimos”, exigindo a demissão dos responsáveis e pedindo a retirada da unidade especial de polícia de Pristina que se encontra destacada na região norte do Kosovo.

Goran Rakic, político sérvio do Kosovo, disse à Associated Press que as exigências foram transmitidas à missão da Aliança Atlântica no país e às “embaixadas internacionais” em Pristina.  Um outro político sérvio do Kosovo, Dragisa Miloviv, afirmou que “as pessoas concentraram-se de forma pacífica e temem pelo estado da democracia”.

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Milovic disse ainda que a presença dos autarcas albaneses é “uma pura ocupação”. A KFOR comunicou que aumentou a presença nos quatro municípios, incluindo Mitrovica, para “garantir a segurança e a liberdade de movimentos a todas as comunidades do Kosovo”, apelando ao desanuviamento.

A missão da NATO incitou ainda a “Belgrado e a Pristina a aceitar o diálogo promovido pela União Europeia, no sentido de se reduzirem as tensões” indicando que a normalização é o único caminho para a paz.

Na sexta-feira, mais de uma dezena de cidadãos sérvios e cinco polícias do Kosovo ficaram feridos em confrontos, uma situação que provocou a mobilização das tropas de Belgrado. Belgrado recusa-se desde 2008 a reconhecer a soberania do Kosovo. Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) intensificaram os esforços para ajudar a resolver o diferendo entre o Kosovo e a Sérvia, receando uma maior instabilidade na Europa devido à guerra na Ucrânia.

Para a UE, a Sérvia e o Kosovo devem normalizar relações para avançarem com o processo de adesão ao bloco europeu. O conflito no Kosovo eclodiu em 1998, quando os separatistas de etnia albanesa se revoltaram contra a Sérvia.

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A intervenção militar da NATO em 1999 acabou por obrigar a Sérvia a abandonar o território. Washington e a maioria dos países da UE reconheceram o Kosovo como Estado independente. A Sérvia, a Rússia e a República Popular da China não reconhecem o Kosovo.