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Olga Hurulia fazia parte do grupo de mulheres que viajava pela Rússia com o intuito de resgatar crianças deportadas do oblast de Kherson, região localizada no sul da Ucrânia. A ucraniana pretendia a repatriação do seu afilhado de 17 anos e do irmão, orfãos, mas acabou detida e consequentemente deportada para Minsk, capital da Bielorrússia.

Interrogada no aeroporto de Moscovo, Hurulia explicou a intenção de conseguir custódia dos dois jovens que estavam na cidade de Henichesk, ocupada pelos russos, como se pode ver num vídeo divulgado pela agência de notícias estatal russa RIA/Novosti. Mas terá dito que não tinha qualquer tipo de ligação às crianças, algo desmentido pela organização não governamental Save Ukraine.

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Hurulia, que  planeava levar os dois rapazes para a Alemanha até tinha a documentação necessária para provar a sua relação com os jovens, diz Olha Yerokhina, porta-voz da ONG, ao Kyiv Independent. Porém, acrescenta, sob a pressão das autoridades russas exercida no interrogatório, acabou por a negar.

A ucraniana foi detida a 23 de maio, tendo sido ameaçada com 15 anos de prisão por agentes do FSB (Serviço de Segurança da Federação Russa, sucessor do mítico KGB), revela o Moscow Times. Está agora fora da Rússia e em segurança, diz a Save Ukraine, continuando, no entanto, longe dos jovens que quis resgatar.

Mais de 19 mil crianças foram deportadas para a Rússia desde o início da invasão, de acordo com dados do Ministério da Reintegração da Ucrânia.

Algumas crianças “estiveram em zonas ocupadas enquanto o resto da família permaneceu em zonas controladas pela Ucrânia” salienta Mykola Kuleba, fundador da Save Ukraine, ao Guardian O mesmo responsável relata acontecimentos de raptos em orfanatos, mostrando-se igualmente preocupado com menores desaparecidos há mais de seis meses, “cujas certidões de nascimento e passaportes já foram alterados pelas autoridades russas”. E no Twitter relata o caso de Olga Hurulia.

Não é a primeira vez que Olga é notícia. Em julho de 2022, foi uma das entrevistadas por meios de comunicação social da Ucrânia numa reportagem sobre o quotidiano em Kherson durante a ocupação russa.

A capital da província de Kherson foi ocupada pelas tropas da Federação Russa entre março e novembro de 2022, sendo depois reconquistada pela Ucrânia em outubro de 2022. Isto obrigou os russos a recuar até à cidade de Henichesk, também localizada na mesma província.