Cinco meses depois de ter sido detido, acusado de violação e colocado em prisão preventiva, Dani Alves decidiu quebrar o silêncio. O jogador brasileiro, que até aqui só tinha sido ouvido pela polícia e testemunhado em tribunal, deu uma entrevista ao jornal La Vanguardia e explicou a própria versão sobre os acontecimentos da noite de 30 dezembro do ano passado — a noite em que, segundo a vítima, terá alegadamente violado uma mulher de 23 anos na casa de banho de uma discoteca de Barcelona.
A própria versão de Dani Alves, porém, tem sido um dos tópicos mais importantes de todo o caso. O antigo jogador do Barcelona começou por dizer que não conhecia a mulher em questão e que nunca a tinha visto, tendo sido rapidamente desmentido pelas câmaras de vigilância da discoteca que os mostrava a conversar naquela mesma noite. Agora, cinco meses depois e já após ter assumido que teve relações sexuais com a jovem — ainda que, garanta, de forma consensual –, explica que inicialmente mentiu para tentar o salvar o casamento.
Dani Alves confessa que mentiu e admite sexo com a jovem que o acusou de violação pela primeira vez
“Se já amaram de verdade, se conheceram como eu conheci o amor verdadeiro, sabem que para conservar esse amor fazemos qualquer coisa. E eu menti. Tive medo de perder a Joana e menti. Lutei desesperadamente para salvar o meu casamento de uma traição, sem me importar com as consequências que agora estou a pagar. Estava há horas à espera numa cela. Não sabia para onde ia, o que ia acontecer comigo. Mas isso não era o mais importante. Quando consegui contar à minha mulher o que tinha acontecido naquela noite e pedir desculpa, quis ser ouvido outra vez e contar a verdade. Sei que tudo isto que estou a viver é um pesadelo. Espero que termine algum dia”, começa por dizer o brasileiro, que na altura da detenção estava a representar os mexicanos do Pumas.
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Mais à frente, Dani Alves recordou a noite de 30 de dezembro na discoteca Sutton, em Barcelona, um sítio onde era cliente habitual desde os tempos da primeira passagem pelo clube catalão. “Só eu e ela é que sabemos o que aconteceu e não aconteceu ali dentro. Fui eu que lhe disse para irmos para a casa de banho, porque sabia que existia. Chegámos a um ponto em que estávamos a aproximar-nos muito. Estávamos num sítio público e, ainda que o meu amigo Bruno estivesse a colocar-se à nossa frente durante o tempo todo para evitar que tirassem fotografias, disse-lhe para irmos para a casa de banho. Disse-lhe que entrava primeiro e que ficava à espera dela. Dançámos um pouco, muito próximos. Não nos beijámos, nada. Mas era evidente, pelos movimentos e pelos olhares, que existia uma atração”, começou por referir, garantido que a relação sexual que existiu dentro da casa de banho foi consensual e apelando à “consciência” da alegada vítima.
Dani Alves continua em prisão preventiva. Pedido de domiciliária foi recusado
“Nada do que ela disse é verdade. Mas ela lá terá a sua consciência. Não me pediu para parar, em nenhum momento. Nem sequer fez um gesto de querer ir embora. A porta esteve sempre aberta, poderia ter saído porque eu fiquei sentado em cima da tampa da sanita praticamente o tempo todo”, comentando depois o facto de a jovem, tal como foi comprovado pelas imagens das câmaras de vigilância, ter saído da casa de banho a chorar.
“Por mais voltas que dê, não consigo perceber. Penso que alguém a pode ter aconselhado mal. Que se sentiu mal depois de o fazer, que deu um passo em frente e que não soube sair da confusão em que se tinha metido e em que me tinha metido. Faço um apelo à sua consciência. Não existiu uma única noite em que não tenha dormido tranquilo, nem uma noite. Tenho uma consciência tranquila. Nunca magoei ninguém voluntariamente e também não o fiz com ela naquela noite. Não sei se ela tem a consciência tranquila, se dorme bem à noite. Mas perdoo-a”, acrescentou Dani Alves.
Por fim, o jogador brasileiro sublinhou que nenhum funcionário da discoteca o avisou de que a jovem tinha saído da casa de banho a chorar e garantiu que, se isso tivesse acontecido, tinha comunicado com as autoridades de imediato. “Se algum responsável da discoteca me tivesse pedido que esperasse porque uma mulher estava a dizer que eu a tinha agredido sexualmente, não tinha ido para casa. Nessa mesma noite teria ido à esquadra clarificar o que tinha acontecido”, terminou.