O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, indicou, esta sexta-feira, em Jacarta que Washington está disposta a dialogar com a Coreia do Norte “sem pré-condições”, no âmbito da pacificação da península coreana.
“Infelizmente, a resposta de Pyongyang a esta proposta até ao momento foi lançar mais mísseis”, disse Blinken em conferência de imprensa após participar na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).
Guterres condena lançamento de mais um míssil balístico pela Coreia do Norte
O secretário de Estado norte-americano denunciou o lançamento esta semana de um míssil do regime norte-coreano e do seu programa de armas, que representa “uma ameaça” para a região.
A Coreia do Norte disparou um míssil balístico não identificado, depois de ter ameaçado abater aviões espiões norte-americanos no espaço aéreo norte-coreano, anunciaram na quarta-feira as forças armadas norte-coreanas.
O Estado-Maior Interarmas sul-coreano indicou que “a Coreia do Norte disparou um míssil balístico não identificado em direção ao mar de Leste”, nome dado pelas duas Coreias ao mar do Japão.
Também o Ministério da Defesa do Japão registou um novo disparo de um aparente míssil balístico norte-coreano, o primeiro deste tipo desde 15 de junho, indicando estar a reunir dados para avaliar se apresenta algum tipo de risco para o seu território.
Na segunda-feira, Kim Yo-jong, irmã do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, advertiu os Estados Unidos que Pyongyang responderá com “ações claras e contundentes” ao que qualificou como operações de “espionagem aérea”.
A também vice-diretora de propaganda do regime de Pyongyang sublinhou que as ações de Washington são “claramente uma grave violação da soberania e segurança norte-coreana”.
Kim Yo-jong afirmou que “um avião de reconhecimento estratégico da Força Aérea dos EUA realizou novamente o reconhecimento aéreo da parte oriental da RPDC [República Popular Democrática da Coreia, o nome oficial da Coreia do Norte] ao entrar nos céus da Zona Económica Especial (ZEE) acima da Linha de Demarcação Militar (MDL)”, de acordo com um comunicado divulgado pela agência de notícias estatal KCNA.
O dispositivo “executou uma grave provocação militar ao realizar o reconhecimento aéreo” sobre as águas da ZEE norte-coreana, chegando a estar a cerca de 400 quilómetros da costa sudeste do país, acrescentou a nota oficial.
Depois de o fracasso das negociações de desnuclearização de 2019, as tensões aumentaram novamente na península coreana.
Pyongyang rejeitou qualquer iniciativa de diálogo e realizou um número recorde de testes de mísseis, enquanto Seul e Washington retomaram as grandes manobras militares conjuntas e mobilizaram regularmente meios estratégicos dos EUA na região.
O lançamento do míssil motivou várias críticas internacionais, incluído do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
“O secretário-geral condena fortemente o lançamento de mais um míssil de longo alcance usando tecnologia de mísseis balísticos pela República Popular Democrática da Coreia”, indicou a ONU em comunicado.
Guterres reiterou ainda os seus apelos a Pyongyang para que “cumpra plenamente as suas obrigações internacionais ao abrigo de todas as resoluções relevantes do Conselho de Segurança” e retome “o diálogo sem pré-condições que levem à paz sustentável e à desnuclearização completa e verificável da península coreana”, segundo a mesma nota informativa.