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O avião em que seguia Yevgeny Prigozhin, líder do grupo Wagner, juntamente com mais nove pessoas, caiu esta quarta-feira na Rússia durante uma viagem entre Moscovo e São Petersburgo. A informação do acidente – e da morte das dez pessoas – foi confirmada pela Agência Federal dos Transportes Aéreos da Rússia, citada pela agência russa TASS.

Ao longo do último ano, Prigozhin tornou-se uma figura de grande destaque — chegou mesmo a ser apontado como um possível sucessor do Presidente russo — devido à participação dos seus combatentes na guerra na Ucrânia, particularmente na conquista da cidade de Bakhmut. Durante esse tempo, o líder dos Wagner tornou-se um crítico vocal das chefias militares russas, incluindo o ministério da Defesa e o chefe do Estado-maior, que responsabilizou pela morte dos seus mercenários. As críticas duras culminaram numa rebelião que organizou em direção a Moscovo e que acabou por suspensa para não “derramar sangue” e levou o Kremlin a enviá-lo para a Bielorrússia.

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De notar que a queda do avião acontece precisamente no dia que marca dois meses da rebelião, que avançou no dia 23 de junho e durou cerca de 24 horas. Esta quarta-feira circularam muitos dados contraditórios relativamente ao acidente. Inicialmente as autoridades indicaram apenas que Prigozhin poderia estar a bordo — porque constava da lista de passageiros –, mas só por volta das 21h chegou a confirmação oficial de que tinha morrido.

O que se sabe

Prigozhin ia mesmo a bordo na aeronave — e morreu. O Ministério das Emergências russo começou por confirmar ao início da tarde a morte dos dez ocupantes  do avião. Inicialmente não era claro se o líder dos Wagner era um deles, apesar do seu nome constar da lista de passageiros a bordo do voo. Durante a tarde algumas personalidades e canais foram confirmando a morte de Yevgeny Prigozhin — foi o caso do governador pró-russo de Zaporíjia, Vladimir Rogov, Ksenia Sobchak, filha de mentor de Putin ligada à oposição, e o grupo Telegram Grey Zone, próximo da milícia paramilitar Wagner. A confirmação oficial da morte de Prigozhin só foi anunciada pela Agência Federal dos Transportes Aéreos da Rússia, por volta das 21h.

O local do acidente. O Ministério de Emergências russo confirmou as informações sobre a queda do avião e disse que o acidente ocorreu perto da vila de Kuzhenkino, na região de Tver. Desde então foram-se multiplicando nas redes sociais várias fotografias e vídeos do local do acidente.

Os passageiros que seguiam no avião. A Agência Federal de Transportes Aéreos russa publicou a lista de passageiros que iam a bordo do avião e que morreram. Além de Prigozhin seguiam Dmitry Utkin (número 2 da Wagner), Valeriy Chekalov (associado de Prigozhin na empresa de catering Concorde, sancionado pelos EUA), Sergey Propustin, Evgeniy Makaryan, Alexander Totmin, Nikolay Matuseev. A tripulação era composta pelo comandante Aleksei Levshin, o co-piloto Rustam Karimo e a hospedeira Kristina Raspopova. Os restos mortais já foram recuperados pelas autoridades e as buscas terminaram.

Iniciada investigação à queda do avião. A Agência Federal de Aviação Russa revelou que foi criada uma comissão especial para investigar “as circunstâncias e causas do acidente” da queda do avião Embraer-135, que seguia viagem entre Moscovo e São Petersburgo. O Comité de Investigação, um órgão jurídico na Rússia, anunciou também a abertura de um inquérito relativamente à queda de avião.

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Relato de segundo avião causa confusão. Cerca de 35 minutos depois do avião em que Prigozhin seguia ter sido visto pela última vez nos radares de voos, um segundo avião, também ligado ao lídr dos Wagner partiu para São Petersburgo. Registado como RA-02748, acabou por aterrar em Moscovo, segundo noticiou a Reuters.

Presidente norte-americano foi informado. Os Estados Unidos estão a acompanhar o caso e o próprio Joe Biden foi informado da queda do avião, segundo noticiou o New York Times. Questionado pelos jornalistas sobre se considerava que Vladimir Putin está por detrás da queda da aeronave, Biden disse que “não há muito que aconteça que Putin não esteja por trás”.

O que falta saber?

O que provocou o acidente. Há rumores, dúvidas e muitos dados contraditórios a circular sobre o que terá levado à queda do avião. O canal Grey Zone avançou que o avião foi abatido pelas defesas anti-aéreas do Exército russo. Há também quem culpe a Ucrânia pelo incidente, defendendo que este foi um ataque vindo de Kiev. É o caso do blogger Markov, conhecido por ser do chamado “partido da guerra”, a fação de apoio a Putin mais radicalmente a favor do conflito na Ucrânia. Numa tentativa de perceber o que estava por trás do acidente, o canal Baza verificou os dados do FlightRadar24, que não mostram qualquer irregularidades ou movimentos descendentes antes da súbita perda de sinal.

O paradeiro de Prigozhin nos últimos dias. Depois da rebelião de junho do grupo Wagner, Prigozhin foi enviado para a Bielorrússia, mas pouco depois foi noticiado um aumento do seu uso de aviões privados, lançando dúvidas sobre o seu paradeiro. A imprensa estatal russa chegou a noticiar que o empresário esteve reunido com o Presidente russo em Moscovo, poucos dias depois da rebelião. Desde então pouco se soube sobre o paradeiro de Prigozhin. No primeiro vídeo captado desde a insurreição, e divulgado na segunda-feira na conta de Telegram, surgiu de espingarda na mão e alegadamente em África. Esta foi a última vez que apareceu nas redes sociais.

Quando Putin foi informado – e quando reagirá. Pela altura em que a informação da queda do avião foi divulgada, Vladimir Putin estava a participar numa entrega de condecorações a soldados russos em Kursk. O líder russo já regressou a Moscovo, mas ainda não reagiu ao acidente – nem ninguém do Kremlin. Mesmos figuras mais vocais, como o ex-Presidente da Rússia Dmitry Medvedev ou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, remeteram-se ao silêncio total.