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O Papa Francisco está a ser alvo de críticas pelo que algumas pessoas entenderam como elogios ao legado da “Grande Mãe Rússia”, durante um encontro de jovens católicos em São Petersburgo.
O líder da Igreja Católica, que marcou presença no evento por videoconferência, instou os jovens russos a não esquecerem a herança do império russo, numa declaração que não caiu bem junto de vários críticos da narrativa imperialista do Kremlin, usada para justificar atos como a invasão da Ucrânia.
Em causa estão as palavras de Francisco durante o encontro da Juventude Católica russa, que decorreu na passada sexta-feira. Na sua intervenção à distância, o Papa lembrou a história imperial russa.
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Num excerto da intervenção, publicada na internet, o Papa sublinhou junto dos jovens os grandes feitos históricos da Rússia. “Vocês são os herdeiros da grande Rússia: a grande Rússia dos santos, dos reis, a grande Rússia de Pedro, o Grande, de Catarina II, o grande e iluminado império russo, de grande cultura e grande humanidade”, disse.
No mesmo sentido, Francisco acrescentou ainda um apelo às gerações futuras para carregarem o legado histórico da Rússia. “Nunca desistam desta herança, vocês são os herdeiros da Grande Mãe Rússia, levem-na mais além”.
Os comentários do Papa, interpretados por alguns como sendo favoráveis à narrativa do Kremlin, geraram duras críticas por parte de opositores do regime russo.
“O Papa Francisco instou a juventude russa a ter orgulho no Império Russo, bem como nos tiranos e organizadores de guerras de agressão como Pedro I e Catarina II”, escreveu a NEXTA num comentário às declarações, ao mesmo tempo que lembrou que “católicos da Polónia, Lituânia e Bielorrússia insurgiram-se três vezes contra este ‘iluminado império’”.
Pope #Francis called on the Russian youth to be proud of the Russian Empire, as well as the tyrants and organizers of aggressive wars, Peter I and Catherine II:
"Never forget the legacy. You are heirs of the great Russia: the great Russia of the saints, of the rulers, of the… pic.twitter.com/GGOvhLHnQ8
— NEXTA (@nexta_tv) August 28, 2023
“É o mesmo que dizer que os belgas deviam honrar o legado da grande missão humanitária do Rei Leopoldo que levou a cultura ao Congo”, considerou o correspondente do Wall Street Journal Yaroslav Trofimov. Putin assume imitar as conquistas territoriais de Pedro I, e Catarina II paira sobre a história da Ucrânia como uma das esclavagistas do país”, sustentou.
It’s akin to telling Belgians they should honor the legacy of the great humanitarian mission of King Leopold who had brought culture to the Congo. Peter I, whose imperial land grab Putin said he emulates, and Catherine II loom in Ukrainian history as the country’s enslavers. 2/4
— Yaroslav Trofimov (@yarotrof) August 28, 2023
Apesar das criticas, o Papa reforçou no resto do discurso, entretanto publicado, o desejo de paz que tem feito desde o início da guerra, descrevendo os jovens russos como “os artesãos da paz”, cuja missão é “plantar as sementes da reconciliação”.
O líder da Igreja Católica tem, desde o início da invasão, feito várias referências à guerra, tendo já lançado vários apelos para o fim das hostilidades. No entanto, alguns têm criticado o Papa Francisco por este recusar condenar explicitamente a Rússia e Vladimir Putin como os agressores no conflito.