A organização não-governamental local Libya Crime Watch (LCW) denunciou este sábado uma campanha de detenções aos que protestaram segunda-feira na praça da mesquita al-Sahada, em Derna (leste), contra a gestão da devastação provocada pelo ciclone Daniel.
A organização lembrou que os manifestantes pediram então a demissão das autoridades do leste do país e mostrou “profunda preocupação com “o que parece ser uma campanha sistemática de repressão” lançada pelos militares e pelos serviços de segurança na cidade de Derna, “numa tentativa de intimidar os manifestantes e silenciar as suas vozes”.
A ONG, que documenta as violações dos direitos humanos, afirmou ter recebido relatos credíveis de detenções pelo Serviço de Segurança Interna e da imposição de medidas restritivas, como o isolamento de zonas, a limitação do trabalho dos jornalistas e o corte das comunicações e da Internet.
Apelamos às autoridades do leste da Líbia para que ponham imediatamente termo a estas violações, libertem os detidos e respeitem o direito à liberdade de opinião, de expressão e de manifestação pacífica”, declarou a LWC em comunicado.
Pelo menos 4.000 pessoas morreram e mais de 10.000 outras continuam desaparecidas na sequência das inundações causadas pelo ciclone Daniel, no nordeste da Líbia, na noite de 10 para 11 deste mês, agravadas pela rutura de duas barragens a norte da cidade que afetou dezenas de milhares de pessoas e danificou milhares de casas.
Na sexta-feira, as autoridades do leste da Líbia indicaram que vão organizar em Derna uma conferência internacional a 10 de outubro, onde pretendem apresentar projetos modernos e rápidos para a reconstrução da cidade, segundo a administração do leste da Líbia em comunicado assinado pelo respetivo líder, Oussama Hamad.
A Líbia está dividida em dois desde a queda de Muammar Kadhafi, em 2011, e é governada por duas administrações rivais: uma em Trípoli (oeste), reconhecida pela ONU e dirigida por Abdelhamid Dbeibah, e outra no leste, representada pelo parlamento e filiada no campo do poderoso marechal Khalifa Haftar.