Os Estados Unidos anunciaram esta quarta-feira a imposição de sanções a 11 pessoas e oito entidades relacionadas com o desenvolvimento dos programas de mísseis balísticos e de drones (aeronaves não-tripuladas) do Irão.

A decisão foi divulgada no dia em que termina o prazo das restrições a Teerão decididas pelo Conselho de Segurança da ONU.

O Governo do Presidente Joe Biden assinou também uma declaração, juntamente com os Estados-membros da União Europeia (UE), o Reino Unido, o Japão, a Austrália, Israel e a Colômbia, entre outros aliados, comprometendo-se a adotar “as medidas necessárias para impedir” o fornecimento ao Irão de tecnologia relacionada com mísseis.

Num comunicado, o Departamento do Tesouro norte-americano precisou que as sanções serão impostas a 11 pessoas e oito empresas relacionadas com o Irão, a China, Hong Kong e a Venezuela que alegadamente facilitam ao Governo de Teerão a aquisição de tecnologia para o fabrico de mísseis e drones.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A escolha imprudente do Irão de continuar o processo de proliferação de drones destruidores e outras armas está a prolongar muitos conflitos em todo o mundo“, declarou o subsecretário do Tesouro norte-americano para as Informações Financeiras e o Terrorismo, Brian Nelson, na nota informativa.

Apesar de expirado o embargo do Conselho de Segurança, o Tesouro norte-americano sublinhou que “os Estados Unidos continuam firmes no seu compromisso de combater a ameaça que representa a aquisição, o desenvolvimento e a proliferação de mísseis, veículos aéreos não-tripulados e outras armas militares por parte do Irão“.

Entre os vários sancionados contam-se o ministro da Defesa iraniano, Mohammad Reza Ashtiani, e a QAI, uma subsidiária do Ministério da Defesa que Washington acusa de ter fornecido drones e armamento à Venezuela.

Estas restrições bloqueiam as propriedades e bens dos alvos das sanções nos Estados Unidos e proíbem qualquer pessoa, empresa ou instituição de realizar transações comerciais com eles.

Os Estados Unidos impulsionaram também uma declaração de 45 países denominada Iniciativa de Proliferação da Segurança, condenando o programa de mísseis balísticos iraniano.

Os signatários comprometeram-se a intercetar o envio para o Irão de tecnologia relacionada com mísseis e drones, bem como trocar informações dos serviços secretos sobre esse programa.

Washington e os aliados recordaram na declaração que o Conselho de Segurança da ONU tencionava levantar o embargo esta quarta-feira em troca de garantias de que o programa nuclear iraniano é pacífico, mas “isso não aconteceu”, sublinharam.

Irão considera ilegal decisão europeia de manter sanções de não-proliferação nuclear

A resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada por unanimidade em 2015, previa o levantamento a 18 de outubro de 2023 do embargo ao Irão em matéria de mísseis, como parte do acordo que impunha limites ao programa nuclear da República Islâmica.

Mas em 2018, o então Presidente norte-americano, Donald Trump, retirou unilateralmente os Estados Unidos do acordo nuclear e reativou as sanções ao Irão que, em resposta, acelerou novamente o processo de enriquecimento de urânio.

O Irão defendeu quarta-feira que devem ser eliminadas as sanções nacionais e regionais ao seu programa balístico, uma vez que já terminaram as medidas restritivas da ONU.

No entanto, o Conselho da União Europeia (UE), que reúne os 27 Estados-membros, afirmou ver “razões válidas” para manter as sanções, dado que o Irão “não cumpre os compromissos” assumidos no acordo nuclear.

Por seu lado, a Rússia deu por levantadas as restrições, o que abre a possibilidade de Moscovo adquirir mísseis iranianos para a guerra de agressão que trava desde fevereiro de 2022 na Ucrânia.