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As caixas de e-mail dos deputados, jornalistas e organizações não-governamentais do Reino Unido têm sido alvo de vários ataques informáticos pelo menos na última década. As autoridades britânicas já tinham chegado à conclusão de que alguns desses ataques tinham sido conduzidos pelo grupo russo Star Blizzard, mas só agora descobriram que os serviços secretos também estiveram envolvidos na operação para tentar “interferir na política” e nos “processos democráticos” do país.

O ministro britânico para a Europa, Leo Docherty, alertou esta quinta-feira a Câmara dos Comuns de que a FSB, a agência sucessora dos soviéticos KGB, tem levado a cabo uma campanha de “espionagem cibernética” desde, pelo menos, 2015.

Segundo o Financial Times, Docherty revelou que foi o Centro 18 do FSB que esteve por trás da operação que atingiu principalmente os e-mails dos visados, com a ajuda de contas falsas que usavam para se fazerem passar por pessoas de confiança. Isto porque o Centro Nacional de Cibersegurança do país considerou que o Star Blizzard está “quase certamente subordinado ao Centro 18”.

O Reino Unido acusou, então, a Rússia de ter usado as informações privadas contidas nos emails para “interferir na política britânica e ameaçar os processos democráticos”. No entanto, segundo o novo ministro dos Negócios Estrangeiros, David Cameron, “apesar dos seus repetidos esforços, falharam“.

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Além de ter negado qualquer sucesso por parte da Rússia, Cameron disse que sancionou dois russos, Andrey Korinets e Ruslan Aleksandrovich Peretyatko, alegadamente envolvidos nesta operação, que foram horas mais tarde também sancionados pelos Estados Unidos.

Cameron convocou também na quarta-feira o embaixador do país, Andrey Kelin. Por não estar disponível, acabou por ser o seu adjunto a ser informado da “profunda preocupação com as tentativas da Rússia de utilizar a informática” para afetar o “Reino Unido e não só”.

O governo britânico disse ainda estar a “expor as suas tentativas malignas de influência e a revelar mais um exemplo da forma como a Rússia opta por operar em todo o mundo”.

Esta não é a primeira vez que o Reino Unido aponta o dedo à Rússia por uma operação como esta. Em 2019, um grupo de hackers russos — que o ministro britânico disse ter sido o Star Blizzard — divulgaram documentos sobre negociações comerciais entre o país e os Estados Unidos, que tinham sido obtidos através do e-mail do então ministro do Comércio, Liam Fox, revelou Docherty, em 2020.

Também este ano, o deputado do Partido Nacional Escocês Stewart McDonald revelou à BBC que tinha tido os seus e-mails roubados, quando alguém se fez passar por um dos seus funcionários. Em fevereiro, McDonald denunciou o ataque, de forma a evitar que os seus conteúdos fossem divulgados, e acabou por ser bem-sucedido.

A Rússia está a visar o processo democrático do Reino Unido”, acusaram responsáveis ocidentais, citados pelo jornal britânico. “Este grupo adquiriu uma grande quantidade de dados. Esta informação é utilizada para minar o Ocidente de várias formas.”

Para evitar este cenário, o deputado Brendan O’Hara, do mesmo partido, sugeriu ao ministro dos Negócios Estrangeiros a “possibilidade de tornar obrigatória a formação em cibersegurança para todos os deputados e respetivos funcionários”.