O julgamento do homem que esfaqueou o escritor Salman Rushdie poderá der adiado para depois da publicação, prevista para abril, do livro de memórias sobre o ataque que o autor sofreu.

De acordo com a agência Associated Press, Hadi Matar tem até quarta-feira para tomar uma decisão sobre um possível adiamento do julgamento, no qual é acusado de apunhalar várias vezes Salman Rushdie quando este iniciava uma palestra em Chautauqua, no estado de Nova Iorque, em agosto de 2022.

Numa conferência pré-julgamento, o juiz David Foley disse que o acusado tem direito a aceder ao manuscrito e ao material relacionado como parte da preparação da defesa para o julgamento.

Em outubro passado, Salman Rushdie anunciou que o seu próximo livro, “Knife”, será publicado a 16 de abril de 2024 pela editora internacional Penguin Random House.

Salman Rushdie está a escrever um livro sobre o ataque em Nova Iorque

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No ataque, Rushdie foi atingido no pescoço e no abdómen, perdeu a visão de um olho e ficou sem sensibilidade em alguns dedos. O livro de memórias “Knife: Meditations After an Attempted Murder” (“Faca: Meditações após uma tentativa de assassínio”, em tradução livre) relata a sua experiência.

“Este foi um livro que tive de escrever, foi uma forma de assumir o controlo do que aconteceu e de responder à violência com arte”, afirmou Salman Rushdie, citado em comunicado da editora.

O ataque ocorreu mais de 30 anos depois de Rushdie ter sido alvo de uma ‘fatwa‘ (sentença de morte), decretada pelo antigo líder religioso iraniano ayatollah Khomeini, em 1989, na sequência da publicação do seu quarto romance, “Os Versículos Satânicos”, uma ficção inspirada na vida do profeta Maomé que lhe valeu o Prémio Whitbread e um lugar entre os finalistas do Prémio Booker desse ano.

Rushdie viveu a década seguinte sob proteção, escondido, experiência que também levou para o livro de memórias “Joseph Anton”, de 2012.

Salman Rushdie é autor de “Os Filhos da Meia-Noite”, romance que lhe deu o Prémio Booker em 1981, o Booker dos Bookers, em 1993 e, em 2008, a distinção de Melhor do Booker.

“Vergonha”, “Harum e o Mar de Histórias”, “O Último Suspiro do Mouro”, “O Chão que Ela Pisa”, “Oriente, Ocidente”, “Fúria”, “Pisar o Risco”, “Shalimar, o Palhaço”, “A Feiticeira de Florença”, “Dois Anos, Oito Meses e Vinte e Oito Noites” e “Grimus”, com que se estreou nas letras, em 1975, são outros títulos do escritor.